Direção: Takashi Ishii
Atores: Aya Sugimoto, Renji Ishibashi, Ken'ichi Endô
Ano de produção: 2004
Detalhes Técnicos

"Flower and Snake (Hana to hebi)", dirigido por Takashi Ishii é um daqueles filmes que considero imperdíveis para os apreciadores do BDSM na sétima arte.

A história gira sobre o destino de Shizuko (a belíssima e sensual Aya Sugimoto), esposa de Toyama (Nomura Hironobu), empresário alcoólatra, à beira da falência que está sendo chantageado pela Yakuza por suas dívidas.

Sua única saída é vender a bela e frígida Shizuko, rainha do tango no Japão, para saldar a dívida com Tashiro (Renji Ishibashi), um dos chefes da Yakuza, voyeur de 95 anos que tem verdadeira obsessão por ela.

Shizuko até então não tem ideia do destino que lhe aguarda. Foi vendida por seu marido e entregue à Yakuza durante um baile (semelhante a "De Olhos Bem Fechados") e levada a um clube fechado chamado "Coliseu". É colocada em um palco junto com seus algozes para deleite da seleta plateia que aprecia sessões de humilhação com celebridades.

Um dos pontos altos do filme é a cena envolvendo pissing. Shizuko, suspensa num tronco de bambu, é obrigada a ingerir uma quantidade grande de agua enquanto a plateia ansiosa aguarda o momento em que ela não aguentará mais reter a urina. No ápice da cena, é penetrada por dois servos mascarados, cujos narizes das mascaras fálicas, são introduzidos simultaneamente em seu anus e vagina, culminando com a esperada chuva dourada.

As belas cenas de shibari estão presentes em quase todo o filme. O momento em que a vela é derramada sobre seus seios é de plasticidade incomparável. Mas o diretor nos oferece outro registro visual. É muito interessante observar a mudança no comportamento de Shizuko ao longo do processo em que foi submetida. Aos poucos ela vai aceitando sua condição submissa e obtendo prazer nas torturas, a ponto de em dado momento, desejar ficar na condição servil a ir embora com o marido que tenta resgatá-la. Nessa hora, imobilizada e indefesa, é estuprada pelo próprio Toyama, momento em que é perceptível vê-la superando a frigidez inicial.

O momento em que ela se vê frente a frente com o idoso Tashiro, chefe da Yakuza, simboliza plenamente sua transformação.

O desfecho final é surpreendente. O filme prima pela excelente trilha sonora com a valsa "The second waltz" de Dmitri Shostakovich roubando a cena, por um conteúdo sadomasoquista raro de ser visto em filmes convencionais e a excelente atuação de Aya Sugimoto.

Posso dizer que é um filme obrigatório para a cinemateca sadomasoquista. Espero que gostem da dica.

Abraços!