abertura oficial

laranja mecanica
Direção: Stanley Kubrick
Atores: Malcolm McDowell, Patrick Magee, Michael Bates
Ano de produção: 1971
Detalhes Técnicos


Filme futurista que mostra a vida de um jovem, chamado Alex DeLarge, cujos gostos variam de música clássica (Beethoven), a estupro e ultraviolência. 

Embora nunca tenha sido oficialmente proibido pela censura brasileira (que aconselhava a produtora Warner apenas a não apresentar oficialmente o filme para sua avaliação), Laranja Mecânica só estreou no Brasil em setembro de 1978, assim mesmo com uma cópia que havia sido feita para o Japão, com bolinhas negras para cobrir os pelos pubianos e outros lugares estratégicos. Mas representantes de Kubrick checaram a cópia e aprovaram as legendas.

O jovem Malcolm McDowell havia sido revelado pouco antes em If e foi idéia dele usar Cantando na Chuva numa cena-chave da fita. Quem prestar atenção verá uma citação de outro filme de Kubrick, 2001 (a capa do disco numa loja). Foi indicado ao Oscar de melhor filme, roteiro e direção.

A dificuldade começa pelo título, que nunca é explicado. Parece que o autor do livro original, Anthony Burgess, se inspirou numa velha expressão cockney (inglês popular de Londres), que dizia fulano é doido como uma laranja de corda . Mais tarde, uma viagem pela Malásia, onde orang quer dizer humano , lhe deu a idéia de fazer anagramas ( orang - organ - organizar ), chegando a uma conclusão lingüística: o ser humano, quando organizado pelo poder dominante, vira uma laranja mecânica. Por isso, também o livro e o filme utilizam vocabulário próprio. Segundo Kubrick, o filme poderia ser interpretado de três maneiras:

a) como uma sátira social sobre o emprego de condicionamento psicológico; b) como um conto de fadas sobre a Justiça e o Castigo; c) como um mito psicológico, uma história construída em torno da verdade fundamental da natureza humana.

A sátira sobre o condicionamento parece clara no filme, mostrando que a sociedade se baseia no poder e nas mentiras, tanto da direita, quanto da esquerda. Em conseqüência, um homem condicionado a ser bom em todas as circunstâncias seria completamente vulnerável. Diz Kubrick: Temos uma civilização altamente complexa, que requer uma autoridade política e uma estrutura social igualmente complexas. A idéia de destruir a autoridade para surgir a bondade natural do homem é um critério utópico e falacioso . Todos os nossos esforços vão parar em mãos de desonestos, já que a culpa reside na natureza imperfeita do homem mesmo.

Assim, Laranja é basicamente uma parábola sobre a manipulação do homem pelo Estado. Conta a história de Alex (Malcolm McDowell), um jovem revoltado, precursor da moda punk, interessado na chamada ultraviolência , sexo e Beethoven, que é escolhido para uma experiência de condicionamento, uma verdadeira lavagem cerebral que o torna refratário à violência, fazendo-o vomitar cada vez que se defronta com um ato violento.

O tratamento é um sucesso, embora por engano Alex fique também condicionado contra Beethoven, cuja música servia de fundo para um dos documentários usados em sua cura. E logo o herói se torna vítima da manipulação política dos Partidos. Completamente indefeso, é levado ao suicídio pela Oposição e depois utilizado pela Situação novamente.

O que o filme quer mostrar é que, no fundo, todos nós somos laranjas mecânicas, somos submetidos a lavagens cerebrais contínuas que nos condicionam e governam; às vezes de forma subliminar, a ponto de não tomarmos conhecimento delas, às vezes de maneiras mais óbvias, por meio das solicitações da sociedade de consumo.

O filme é um brado de alerta e conscientização contra isso, mas talvez tenha errado numa questão de dose, ao pedir que nos identifiquemos com um herói como Alex, desordeiro e irresponsável. A tendência do espectador é ficar a favor do governo, achando que eles fazem muito bem em transformá-lo num bom cidadão , sem perceber a terrível violação dos direitos humanos, a violência cometida contra a individualidade, que acontece todos os dias sem que nos demos conta.

Assim, todo comportamento anti-social - de artistas, de gênios, de todos aqueles que fogem da chamada normalidade - seria também condicionado da mesma maneira. Esse perigo existe porque Alex é um vilão simpático e não é fácil concordar com um diretor frio como Kubrick, que o apresenta como o homem natural, no estado que veio ao mundo, sem freios ou repressões. Quando recebe o tratamento de Ludovico, pode-se afirmar que este simboliza a neurose, criada pelos conflitos entre as restrições impostas por nossa sociedade e nossa natureza primitiva. Por essa razão, ficamos felizes quando Alex se cura.

Será mesmo que todos se alegram? Alguns nem chegam a entender direito a dimensão da cura de Alex. Essa ambigüidade é um dos problemas do filme, que provocou as opiniões mais desencontradas em toda a parte. Certas pessoas se horrorizam com sua violência, mas na verdade ela é estilizada, mostrada quase como um balé, ou pop art, nunca de forma literal. Aliás, a trilha musical é extraordinária, com obras de Elgar, Purcell, Puccini e, naturalmente, Beethoven, que dão ao filme muito de sua atmosfera. Tecnicamente, o filme abusa um pouco de grandes angulares, lentes deformantes. Mas tem um extraordinário poder hipnótico.

Na enigmática cena vitoriana final, há a busca de uma qualidade ideal, procurada por Kubrick. Diz ele: Laranja se comunica num nível subconsciente, e o público reage diante da configuração básica da história, como se fosse um sonho. E discutem o sentido da cena final. Como os outros sonhos mostravam assassinato, dor e morte, a erótica cena final sugere que, de alguma maneira, a mente de Alex se transformou e se apaziguou. Enquanto o livro de Burgess é uma amarga sátira aos paradoxos do livre-arbítrio, o filme continua a provocar discussões. Afinal, temos que defender os que não gostam dele, se não corremos o risco de todos nós acabarmos virando laranjas mecânicas. 

Rubens Ewald Filho

 


 

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