O presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Max Mosley, rompeu o silêncio que adotou desde que foi retratado pelo tablóide News of Thw World em uma festa sadomasoquista com suposta temática nazista.

Em entrevista ao jornal The Guardian, o dirigente assumiu que pratica a atividade há décadas, contou que o escândalo devastou sua família, defendeu as cinco mulheres contratadas para a festa em um flat de Chelsea e negou afinidade com o nazismo.

"Nunca houve qualquer pensamento ou sugestão disso, jamais passou pela minha cabeça. Isso estaria no final da minha escala erótica, particularmente por causa dos meus antecedentes", afirmou Mosley. Ele ainda negou que o cenário reproduzisse um campo de concentração.

O presidente da FIA é filho do líder fascista Oswald Mosley e de Diana Mitford, admiradora de Adolf Hitler. De acordo com o The Guardian, o nazista foi um dos convidados do casamento realizado na casa de Joseph Goebbels, mentor da propaganda do regime.

Mosley processou o jornal por invasão de privacidade. O juiz que tratou do caso não encontrou qualquer elemento nazista ou referência ao Holocausto. Desta forma, o presidente da FIA ganhou uma indenização de 60 mil libras.

Mais do que ser indenizado, o dirigente da Fórmula 1 quer a aprovação de uma lei para evitar casos semelhantes na Inglaterra. Com a regulamentação idealizada por Mosley, os editores dos jornais seriam obrigados a entrar em contato com os personagens antes de publicar as histórias.

"Tenho feito isso há 45 anos de forma extremamente cuidadosa, nunca seria pego", afirmou Mosley. Segundo o Guardian, o dirigente conhece as mulheres que estavam com ele há cerca de três anos. Uma delas é alemã e ficaria "mortalmente ofendida" com qualquer temática nazista.

Mosley defendeu as mulheres, chamadas de prostitutas pelo tablóide. "Primeiramente, todas aquelas mulheres às vezes fazem o que fizeram por nada, só pela diversão", declarou. "Moralmente, elas não são prostitutas", acrescentou em outro trecho da entrevista.

Para o dirigente, é uma "questão de princípios" que as pessoas tenham liberdade para fazer o que gostam, desde que isso seja legal e consensual. No entanto, ele tentou manter seu gosto pelo sadomasoquismo em total sigilo.

"Para alguém que não está nisso, é uma atividade absurda, como, por exemplo, ser travesti é um absurdo para quem não está nisso. Conseqüentemente, se você está nisso mantém em sigilo das pessoas que não estão, e isso pode incluir a sua família", afirmou.

Durante a entrevista, Max Mosley falou abertamente sobre sexo. "O sexo é absurdo - é uma coisa muito estranha, completamente animal e que não é totalmente compreendida. As pessoas não sabem realmente porque gostam ou do que realmente gostam", afirmou.

O presidente da FIA acredita que a história publicada pelo News of The World é parte de uma conspiração. "Indubitavelmente, é algo ligado ao mundo do motor, é só uma questão de quem", declarou. "Estou de olho neles, vamos dizer", acrescentou.

Mosley contou que o escândalo comprometeu sua vida familiar. "É muito difícil para a minha mulher, é muito difícil para os meu filhos. Mas somos tudo o que temos", declarou. Mesmo assim, ele não pretende suspender suas práticas sadomasoquistas.

"Você não pode mudar o que é", disse após gargalhar e adotar um tom de seriedade. "Você nunca vai perder completamente o interesse nesse tipo de coisa, para ser bem honesto", afirmou. Presidente da FIA até 2009, ele não confirmou se pretende tentar seguir no cargo.