agulhasSadismo é algo inerente à pessoa, o sádico sempre será sádico, o que acontece é que aprendemos a lidar com esses impulsos, aprendemos a controlá-lo.

Lembro-me de muitos atos sádicos ao longo da vida, mas passei a ter uma visão mais abrangente a partir dos meus 16 anos. Todo sádico é um manipulador em potencial e a dominação começa por aí.

Eu sentia atração por livros sobre psicologia, gostava muito de análise transacional, antropologia e tudo que se referisse ao comportamento humano e que de alguma forma me desse elementos de controle psicológico.

Logo na época da abertura política, começaram a chegar ao Brasil filmes bem interessantes nesse contexto e me recordo em especial de Saló, que assisti no dia da estréia e conheci a verdadeira face de Sade. Lembro-me também de outros que faziam minha imaginação viajar, como Laranja Mecânica e Calígula.

Esses três continham todos os ingredientes para fazer mexer o lado sádico sempre latente.

Nesse momento eu comecei a me conhecer melhor e entender que minhas fantasias e desejos sexuais eram bem diferentes das pessoas que me cercavam, tanto no circulo social quanto no profissional. Embora eu me sentisse um “estranho no ninho”, sempre gostei das minhas fantasias e nunca tentei mudar meu jeito de ser.

Você não muda sua essência, pode aplacar seus desejos com situações paliativas ou sadismos velados, mas o “monstro” está ali, enjaulado, esperando o momento para dar o bote.

Quando tive minha primeira escrava, ainda não conhecia a comunidade BDSM, tinha conhecimento de sites americanos e era assinante do antigo Insex (antigo site pago sobre BDSM), sabia da existência de estúdios de Dommes profissionais, mas não era esse espaço que buscava.

Numa de minhas andanças em busca de acessórios, conheci o Roberto, um dos fundadores do Clube Dominna (que na época não havia sido inaugurado), fiz uma encomenda de um capuz de couro e foi quando ele me disse que iria inaugurar uma casa sadomasoquista. A partir daí, descobri que não era o único a gostar de coisas diferentes. Conheci ao longo desses anos pessoas interessantíssimas, pessoas mau-carater, pessoas legais, curiosos, problemáticos, uma verdadeira fauna humana.

Eu sei o que sou, o que gosto e encontro no BDSM a oportunidade de viver plenamente todos os prazeres impossíveis de serem vividos fora desse universo.

Diante disso tudo, sem dúvida, o BDSM me completa meu lado sádico plenamente.