Com o passar dos anos, o BDSM Brasil consolidou-se como prática filosífica e atingiu o status de sociedade.
Por um lado, tal feito foi ótimo, pois permitiu que membros do país todo confraternizasse ideias parentes, fomentasse a apresentação de pontos de vista e agrupasse seres iguais.
Mas por outro, toda sociedade precisa de regras para sobreviver em comum acordo.
Se por um lado as regras eram o menos buscado em BDSM, por outro se mostravam necessárias para evitar os excessos.
Logo veio a expansão e com ela as castas de intelectuais, formadores de opinião e agentes de saúde pública *sorriso*.
A turma do "deixa disso" se mostrou presente, os repórteres (fofoqueiros? Sim, toda sociedade os tem e até certo ponto precisa deles, é fato!) logo se organizaram em rede e as notícias, ainda que nem sempre verídicas, se espalhavam com notória facilidade. Os líderes também apareceram pleiteando cedro e requerendo status (leia-se tratamento) de Chefe de Estado, "os samaritanos" não podiam deixar de existir e se fizeram presentes com maestria para acolher aqueles que precisavam de auxílio, ainda - como sociedade - não faltou a turma do "sempre foi assim". Aquelas pessoas que se intitulam antigas, "amiga pessoal" do próprio Marquês de Sade e que afirmam, de pés juntos, que sempre foi assim ou assado.
Na época do estouro - ou seria expansão? - os sites eram muitos, as informações vastas e o desencontro de ideias algo absurdo.
Escreve bem? Tem facilidade para interpretar visões, posturas e formatar boas argumentações? Ótimo! Você está contratado para ser um âncora do BDSM Brasil. E toma de passar o dia todo em chats, finais de semana em PlayPartys e as noites consolando submissas insatisfeitas com "seus" Donos.
Nessa época, eu já tinha o site, evitava externar opinião pessoal, apresentava o que entendia como visão comum e tinha o único glossário da época. Ainda assim, via aqui e acolá o meu site sendo usado como base de argumentação para ideias que eu entendia como distorcidas ou mesmo sem parentesco algum com o que estava no site. Mas sociedade é isso, não? Cada um defende o seu, acreditando que é para o bem de todos.
Hoje vejo um BDSM "mais igual" e muito mais consciente de que cada um faz o seu, à sua forma, ao seu jeito.
Uma sociedade é importante para prover a casca que protege o meio, as ideias iguais confortam aqueles que partilham dela e fazem com que uma loucura passe a ser sanidade diante de um maior número de adeptos.
Mas... (e eu não poderia sair daqui sem deixar as típicas perguntinhas de Szir GanoN *sorriso*) Mas... Até que ponto eu, como adepto, devo algo a essa sociedade que, supostamente, me abastece, acolhe e me possibilita ser e estar entre iguais?
Mas... Até que ponto eu, como adepto, devo prestações de contas a um meio que não partilha, compartilha e sociabiliza as ideias que eu acredito serem reais em meu mundo totalmente surreal?
Até tenho as respostas, mas deixarei as perguntas.
Boa semana!
Szir Ganon