Peça usa bonecos para contar história da jovem levada a um castelo para ter aulas de educação sexual

 

Eduardo Félix é formado em belas-artes e acabou se especializando em fazer bonecos para teatro. Fez parte do grupo Catibrum e estágios no Armatrux e Giramundo, o que lhe rendeu participação na minissérie Hoje é dia de Maria.

Em 2007 fundou, ao lado de colegas de profissão, o grupo Pigmalião, turma especializada em teatro de bonecos que não está interessada no público infantil. “Nossa proposta é fazer obras para adultos, sempre buscamos coisas fortes. Apesar de termos um pé na comédia, estamos com o outro bem fincado na tragédia”, justifica Félix.

A maior prova disso chega agora com o espetáculo A filosofia na alcova, romance escrito pelo Marquês de Sade e dirigido por Eduardo Félix. A história sádica, violenta e densa, mostra uma jovem que vai passar um fim de semana em um castelo para receber educação sexual de um grupo de libertinos.

Essa é a primeira montagem grande e completa do Pigmalião. Antes, faziam intervenções urbanas, espetáculos pequenos, inclusive a cena curta Presente, premiada no Galpão Cine Horto. A estreia oficial do espetáculo foi em Brasília, em março, num único fim de semana. “Na verdade, fomos a Brasília a convite do grupo Resta Pouco a Dizer. Eles tinham um projeto de ocupação da Funarte e nos convidaram para uma pesquisa. A apresentação foi apenas para aproveitar a estada”, lembra Eduardo.

Mas valeu. Além de perceber a reação do público, que lotou os dois dias de espetáculo, o grupo já se aqueceu para o próximo passo, uma apresentação na cidade francesa de Reims durante o Orbis Pictus, festival de obras curtas de marionetes.

O convite teve duas razões. A primeira foi o contato de Eduardo, que, recentemente, foi para a França fazer um curso livre na cidade de Charleville-Mézières, que tem o Instituto Internacional de Marionete, onde é oferecido, inclusive, curso superior na área. Fez alguns amigos e contatos e avisou que tinha em mente montar um texto do Marquês de Sade com bonecos.

A segunda razão é, justamente, a escolha do tema. “Mandamos o material dizendo que estávamos montando A filosofia na alcova e eles ficaram loucos para que fôssemos. Acho que na França ninguém fez esse texto com bonecos”, conta o diretor do espetáculo. Por lá, o grupo faz nova adaptação, porque também será uma cena curta. “Vamos fazer em português, mas estamos nos empenhado mais para passar as ideias no gestual dos bonecos. Também vamos distribuir um folheto em francês”, adianta Félix.

A hospedagem, alimentação e cachê serão por conta do festival. Mas, para viabilizar as passagens de avião, o grupo contou com apoio da Secretaria de Estado de Cultura, por meio de um programa de intercâmbio cultural. O festival será nos dias 20, 21 e 22.

No próximo semestre, em setembro, A filosofia na alcova chega aos palcos de BH, no Galpão Cine Horto. Os mais conservadores devem ficar de fora. O Marquês de Sade escreveu coisas tão libertinas que o próprio grupo chega a se incomodar. “Minha vontade é colocar na ficha técnica que a culpa não é das pessoas, tipo: direção de Eduardo Félix, mas a culpa não é dele”, brinca o diretor, sobre o quão chocante o espetáculo pode ser. “Quem aplaude a peça acaba levantando uma bandeira e afrontando princípios. Quem ri, fica com remorso logo em seguida”, justifica.

Com classificação etária para 18 anos, a montagem tem cenas fortes de violência, atos sexuais e “coisas ainda piores”, como diz o diretor. Mas os bonecos apaziguam a situação. “Há cenas de estupro e umas posições impossíveis, coisas complicadas para o ator, mas com o boneco fica muito legal”, diz. Além de Eduardo, que é o diretor e também atua como manipulador, o elenco conta com Andréia Duarte, Igor Godinho, Mariliz Schrickte e Julianne Paranhos. 

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