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PARIS - O secretário de Estado da Função Pública do governo francês, Georges Tron, renunciou ao cargo neste domingo devido ao escândalo que o envolve após duas ex-subordinadas o acusarem de assédio sexual.
O primeiro-ministro francês, François Fillon, foi quem anunciou a renúncia de Tron em um breve comunicado no qual ressaltou a "coragem e o senso de responsabilidade" do secretário de Estado, que poderá assim se concentrar em sua defesa na Justiça "com toda liberdade".
Tron, de 53 anos, atuava com status de vice-ministro no Gabinete francês, além de também ser prefeito da cidade de Draveil, na região metropolitana de Paris.
Ele foi acusado de agressão sexual por duas ex-funcionárias municipais de 34 e 36 anos, chamadas na imprensa de "Laura" e "Éloise". Os incidentes teriam ocorrido entre 2007 e 2010, quando ambas trabalhavam para a Prefeitura de Draveil.
Uma das mulheres já tinha relatado os fatos em novembro passado a um advogado e à Associação Europeia contra a Violência contra as Mulheres no Trabalho, informa o diário Journal du Dimanche.
Segundo o jornal, é possível que uma terceira mulher denuncie Tron de fatos similares ao longo da próxima semana.
A promotoria pediu à Polícia que abra uma investigação sobre os casos.
Em carta enviada à imprensa e ao presidente da França, Nicolas Sarkozy, Tron se declarou inocente e aproveitou para colocar em xeque a reputação das mulheres que o acusaram.
"De minha qualidade de simples cidadão, farei do reconhecimento da minha inocência um assunto pessoal, combatendo as acusações vindicativas de duas antigas colaboradoras, das quais uma foi despedida por ter desviado verbas públicas que lhe tinham sido confiadas e a outra abandonou suas funções por causa de um comportamento indigno", redigiu o secretário de Estado.
Na carta, Tron criticou o que chamou de "campanha de imprensa" contra ele, cuja profunda repercussão midiática, segundo ele, fez com que seus concidadãos o vissem como culpado.
O secretário de Estado, que ocupa o 27º cargo de maior relevância no Governo francês - segundo a ordem de protocolo -, chegou ao Executivo em março de 2010, indicado pelo então ministro do Interior, Brice Hortefeux, homem de confiança de Sarkozy.
A defesa de Tron não esconde o reconhecido apreço do político pela reflexologia, uma prática que consiste na massagem de determinados pontos dos pés, mas ressalta que ele não é um "fetichista".
Citado pelo "Journal du Dumanche", o especialista Jean Streff afirma que o fetichismo dos pés é o "mais conhecido e mais descrito". "Goethe, Dostoievski, Verlaine e Tarantino são célebres fetichistas dos pés", acrescenta.
O escândalo de Tron ocorre duas semanas após vir à tona o escândalo sexual do também francês Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), ser preso em Nova York, acusado de estuprar uma camareira de um luxuoso hotel da cidade.