O céu agora apagou o brilho... Findou-se o azul,
o tempo, parece, parou... Está tudo tão cinza, o sonho... O meu olhar
Na mórbida pintura, o quadro... Todo o lugar
A névoa que chega, engole... Vai me levar...
Em passos lentos, no chão molhado... Apenas caminhar.....
A grama fria nos pés Sinto-me vazia, sem asas, Sem estrelas, a vagar...
O que fazer quando não se quer pensar?? O que fazer quando se tem vontade de
gritar??
Não tenho a quem buscar... Fugir do que?? Correr para onde e por que?
Em um céu que se apagou. Na voz que se calou....
Estou aqui a observar o escuro abismo que me fez parar
a cena, o espaço, a falta do luar... E eu não... Agora não! Não quero mais
tentar
Jogo fora correntes, cadeados, ilusões, indecisões...
E não quero buscar o atalho do que se quebrou, do que no caminho ficou
Sou agora anjo perdido no chão escuro... Sob um céu quebrado
o desejo contido, quase sepultado, talvez um náufrago abandonado,
talvez a mão que sai da terra, o desejo abafado....
Não me deixe...Não me deixe tentar
alma sozinha em concha, fecha-se no profundo mar.