Sempre em negro céu
Tua vida escura segue
Teu desejo escorre
Preso em masmorra
até que a lua morra
Num caminho sem volta
O Demônio é escolta

Sempre em negro véu
Fera nua domada...
Em fria boca molhada
És carne amarrada...
Pelo mel de um corpo
Que surra-te o dorso
Marca-te o pescoço

Sempre em amargo fel
Estás alma pisada
Em veneno dilarecada
No fio do frio punhal
Tens na pele o sinal
Na vida ameaçada...
Do prazer sentir o mal!

Sempre em verso cruel
O desejo em fogo surge
Na dor que te provoca
Insana em tesão sufoca
Alimenta teu espírito....
Devolve no gozo o grito
Que mostra em castigo
Teu verdadeiro abrigo.