ganon

A corda

Acorda o corpo a corda.
Acende a luz da vela,
espera para apanhar.

Acorda os desejos a corda.
Abraça o corpo e implora
dizendo me amar, te amarrar.

Acorda a mente a corda
é muito mais que sonhar
é viver preso sem estar.
estando dentro e de dentro aflorar.

Acorda o peso da corda
que irá lhe imobilizar
Acordando corpo e mente,
fazendo-te acordada sonhar.

Szir GanoN

Publicado no Templo XV em 23/12/2003
Escrito pelo autor em 1/10/2002
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Tudo bem, o poema (um tanto fora da forma) pode até ser bonito, mas a questão é outra:
A base:

Tanto Mestre Shibarista/Mestre Bondagista, quanto parceiro (e isso independente de qual posição este assuma no jogo BDSM - escravo, submisso, masoquista, etc...) podem tornar-se "reféns da corda".

Um e outro usam o mesmo veículo (a corda) para viagens diferentes.

A ideia que me surge é a de dois trens balas seguindo numa mescla de paralelos e cruzamentos que geram intercessões entre um e outro.

Quem já não "se perdeu" ao receber um Shibari? Quantas e quantas vezes o passar da corda não gera muito mais que tesão? Muitas vezes, sem qualquer controle, o apertar da corda, a pressão do nó não convida a quem recebe a uma viagem tal que o mundo a volta desconecta e vai.

Três viagens.

1. Início ( a ideia do Shibari fascina e saber que vai recebê-lo faz o corpo tremer a mente viajar);

2. O passeio da corda por seu corpo (fascina o passear, cantando, da corda pelo corpo. Apertar, afrouxar, puxar e soltar, incomodar e acomodar);

3. O Shibari pronto e o início de outro jogo. O uso do shibari.

Do outro lado?

Quem nunca teve os olhos em brilho, o coração palpitando ao imaginar o desenho a ser aplicado?

Quem nunca saiu da tradição e pensou em cordas coloridas, bitolas variadas e perdeu-se ao ver, o parceiro, tão nu quanto uma folha de papel em branco?

- Por onde começo?

Alguns tem seus próprios padrões, outros se pegam fazendo essa pergunta depois de "acordar a corda", abri-la e chegar ao ponto de uso.

Ambos tem sensações, sentimentos, tesões.

Ambos viajam.

Mas a pergunta que fica é: Até que ponto tanto Shibari quanto Bondage podemo nos tirar o chão?

Se bem explorado até que ponto podem, imitar o RedBull e nos dá asas? Sim, fazer voar...

E se até aqui versei sobre Mestres, posso seguir com perguntas aos neófitos:

Onde aprender essa arte?

Quais os pontos de segurança a observar?

Por onde começar?

De onde tiro o tesão disso tudo?

Onde está a graça em amarrar o outro?

Vale refletir e a quem desejar... Vale "emprestar" suas experiências e visões afim de auxiliar ao outro.

Bora produzir?

Abraços fraternais.

Parlamento de Júpiter