A filosofia goreana se originou de um conjunto de 26 livros, conhecidos como “Crônicas da contra terra”, escritos pelo professor John F Lange, professor de filosofia do Queens College em Nova York sob o pseudônimo de John Norman.
Nesta obra, através de um enredo de ficção científico-fantástica, ele propõe um mundo onde os homens serem dominadores e as mulheres submissas é a forma natural de vida.
Com o advento da onda "politicamente correta" nos USA a obra de John Norman não pôde mais ser publicada. Posteriormente, com a popularização da Internet, começaram a surgir grupos pondo em prática diferentes interpretações sobre o modo goreano, inicialmente de forma virtual migrando depois para relacionamentos reais.
Os principais grupos que se auto-intitulam goreanos podem ser classificados em quatro grandes grupos:
Filósofos
Os filósofos mais puristas não estão realmente interessados em viver o modo de vida goreano, antes buscam discutir a natureza humana e a forma como a sociedade humana oprime tal natureza.
Lifestylers
São os goreanos que buscam viver a filosofia goreana adaptada a realidade e as limitações socioculturais. Têm marcada preocupação com a coerência de suas práticas com a filosofia goreana mas também vivem o aspecto fetichista do goreanismo o que, as vezes, pode ser confundido com as praticas do grupo seguinte.
Role Players
São os goreanos que buscam viver como se estivessem efetivamente em GOR tanto quanto possível. Alguns “Role Players” limitam sua prática à internet enquanto outros trazem-na para a vida real.
Posers
São grupos que aplicam o estilo goreano a outras práticas, fetichistas ou não, que podem em maior ou menor grau se contrapor a filosofia goreana.
O restante deste texto ser concentrará em discutir características da filosofia goreana e da prática dos “Lifestylers”, assim não se aplica aos outros grupos descritos acima ou a quaisquer outros que tenham sido omitidos.
A filosofia goreana está baseada em duas premissas básicas, sem as quais não se pode ser goreano:
- O papel natural do homem é o de dominador e o papel natural da mulher é o de submissa.
- Cada um deve ser sincero com a sua própria natureza individual e ocupar o seu lugar de acordo com as suas competências e habilidades reais.
Embora definir completamente a filosofia goreana seja uma tarefa complexa existem pelo menos quatro aspectos do goreanismo que devem ser ressaltados:
Gor é uma forma de D/s ritualístico
A base do goreanismo é a dominação psicológica onde o mestre tem grande poder na vida da submissa, a ritualística goreana tem o objetivo de incrementar a experiência da dominação.
Gor é uma filosofia sobre a natureza dos gêneros e a relação entre eles
GOR é antes de tudo uma forma de filosofia de vida. Ou se crê nela ou não e cada um tem o poder de interpretar e aplicar esta filosofia segundo a sua interpretação pessoal. É por isso que existem goreanos tão diversos.
Gor é uma forma de supremacia masculina
Na filosofia goreana não há espaço para dominadoras ou submissos. Isto não é uma forma de preconceito, apenas entende-se que o goreanismo não é o lugar destes.
Gor é uma das diversas linhas na família do BDSM
O BDSM tem diversa linhas de pensamento. Todas igualmente válidas e merecedoras de seu espaço. O goreanismo é uma delas.
Existem também muitos conceitos errados sobre Gor. Seguem quatro retificações necessárias:
Gor não é uma forma de SM
Na prática goreana o SM pode ser usado como forma de se exercer a dominação, como castigo, ou como forma de treinamento mas a ênfase não é no SM é, antes, na dominação e no servir ao Mestre. Cabe esclarecer que embora muito dos Mestres goreanos sejam, individualmente, praticantes do SM não existe uma “cena goreana” apenas cenas com goreanos. Também não é verdade que os goreanos devam punir as suas escravas sem um motivo válido e explicado, não por proibição mas porque seria uma forma extremamente ineficiente de punição totalmente em desacordo com a forma goreana.
O Goreanismo não é RPG (Role Playing Game)
A ritualística goreana dos “Lifestylers” pode ser confundida com uma forma de RPG (Role Playing Game) mas não é. Evidentemente isso não se aplica aos “Role Players”.
Gor não é machista
O Goreanismo tem, algumas vezes, sido acusado de ser machista e embora seja uma filosofia de supremacia masculina ele apresenta discordâncias fundamentais com o machismo pois em GOR a escrava é um ser valioso e desejável muito diferente da prática machista.
Gor não é inimigo de outras formas de fetiche, do BDSM ou das relações tradicionais (“baunilha”).
A filosofia goreana, ao valorizar a verdade individual, não tem nenhuma animosidade contra qualquer outra forma de fetiche ou contra as relações tradicionais chamada no meio BDSMista de “baunilha”.
O modo goreano têm ainda algumas diferenças do D/s tradicional em geral, embora varias relações D/s se aproximem do modo goreano de ser.
Algumas características do modo goreano incluem:
- Uma escrava goreana (a escrava goreana é chamada de kajira) é uma posse do seu mestre, mas em geral não será tratada como lixo. A kajira é um bem, negociável até, mas precioso. Um Mestre goreano não irá estragar sua posse ou deixar que outro o faça.
- O objetivo da kajira é o bem estar do seu Dono. E ela deve viver para prover tal bem estar.
- A kajira não tem direitos (O seu único direito, na Terra, é deixar de sê-lo).
- Os Mestres Goreanos tem o direito de terem mais de uma kajira, e não é dado às kajiras não aceitarem isso.
- Na prática goreana não existem os contratos como se fazem no BDSM porque as regras do goreanismo já estão bem definidas.
- O Mestre é soberano em suas decisões no que tange a sua própria casa e as suas kajiras.
Existem muitas outras características da ritualística, da filosofia e da prática goreana que não foram discutidas aqui, entre elas incluem-se as castas dos Mestres, os tipos de kajiras, a linguagem falada e escrita, etc.
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