Needle Play

Needle Play é uma prática em que uma ou mais agulhas hipodérmicas esterilizadas são temporariamente inseridas sob a pele atravessando uma pequena área de tecido com fins estéticos, eróticos ou puramente como forma de Dominação/submissão. Esta técnica - que exige, naturalmente, conhecimentos relativos ao material e ao seu manuseamento mas também de anatomia humana - consiste numa inserção paralela à primeira camada pele e não numa inserção vertical no tecido muscular.

As zonas mais comuns onde se faz needle play são os braços, peito, costas e coxas. O Top deve ter cuidado ao escolher o posicionamento das agulhas para não atingir vasos sanguíneos, nervos ou tendões. Não é aconselhável a prática de needle play na cara, parte interior das coxas, pescoço, axilas, couro cabeludo, mãos, pés e de uma forma geral todas as zonas com pouca cobertura de tecido muscular ou adiposo.

Num contexto BDSM os praticantes buscam nas agulhas uma ferramenta para dar e receber prazer erótico sendo que a inserção das agulhas provoca em muitos submissos uma elevada libertação de endorfinas.

Muitas pessoas pensariam que a inserção superficial de uma agulha seria menos doloroso. No entanto, uma agulha inserida na primeira camada de pele (onde a agulha ainda quase se vê à transparência) dói sensivelmente mais do que se se inserisse com maior profundidade.

As agulhas podem ser inseridas em padrões de grande beleza estética.

A segurança é essencial. Algumas precauções básicas a seguir:- Usar sempre agulhas esterilizadas descartáveis- Praticar num tomate e em si próprio antes de realmente começar a fazer esta prática com submissos. Aprender com pessoas experientes é essencial.- O Top (Dominante) deve usar luvas. Se se picar, troque de luvas imediatamente.- No final de uma sessão de needle play, deve voltar a desinfectar-se o corpo do submisso. Ele poderá reagir ao ardor mas isso faz parte da diversão e, garantidamente, da segurança da cena.

Primeiro que tudo:

De uma forma genérica antes de se envolver em qualquer prática BDSM, em particular Medical Play, é muito importante que os intervenientes (Dom e sub e quem mais participar activamente) conversem sobre a condição física do submisso:

- existência de alergias.

- Ocorrência de doenças crónicas ou temporárias.

- Medicamentos que toma (a aspirina por exemplo além de provocar vasodilatação e suor diminui a agregação das plaquetas do sangue potenciando as hemorragias.)

- Estado emocional e ansiedade do momento.

Princípios aplicáveis ao needle play:

1) Não tentar iniciar esta prática sem o treino e estudo necessários. Colocar tudo o que é necessário próximo do espaço onde decorre a sessão de needle play antes de começar. Depois de proceder às esterilizações e de calçar as luvas deve evitar-se situações de contaminação. Além disso, quando o submisso já está repleto de endorfinas, não é desejável que o Dominante pare porque se esqueceu de uma compressa ou porque não encontra o desinfectante.

2) O Top deverá utilizar sempre luvas esterilizadas (e não tocar em nada não esterilizado depois de as calçar) e deverá mudá-las com alguma frequência mesmo no decorrer de uma mesma cena. Regra de ouro: sempre que mude de submisso é obrigatória a mudança de luvas para evitar infecções cruzadas. As pessoas que ou têm alergia ao latex podem usar luvas de vinil (embora sejam mais caras) mas que são de excelente qualidade.A utilização de dois pares de luvas sobrepostos aumenta a segurança e é recomendável sempre que exista um risco efectivo de contaminação. É importante aprender como remover as luvas sem tocar nas zonas contaminadas no lado de fora das luvas. Os patogéneos transmitidos pelo sangue são numerosos e resultarão na melhor das hipóteses em merodesconforto ou em morte, na pior das hipóteses. Lembrem-se a probabilidade de contaminação para o Dominante é grande já que o sangue eventualmente presente é do submisso.

3) Usar sabão antibacteriano para preparar a pele antes do procedimento de needle play e usar anti-sépticos imediatamente antes e depois de perfurar a pele. A lavagem das mãos é essencial e deve ser feita de forma demorada e cuidadosa (preferencialmente com desinfectantes próprios), com particular cuidado no que se refere às unhas.

4) Usar sempre agulhas esterilizadas novas, normalmente entre 23 e 25G (gauge), com 1 polegada ou uma polegada e meia. Para principiantes 23 G é uma boamedida (com pelo menos uma polegada de comprimento). A baixo de 23 G são excessivamente grossas e acima de 25 excessivamente finas e podem partir com facilidade.Que tipo de agulhas comprar? Para principiantes o ideal é 23 G com 1,5 polegadasOnde comprar? Nas farmácias ou em lojas de material médico/hospitalar como a Sanotécnica - Rua Nova do Almada n. 61 (do lado direito de quem desce).A destreza e a experiência encarregar-se-ão de ditar o tamanho que mais se adequa a cada prática, local a perfurar e objectivo. Naturalmente que o tamanho ideal das agulhas depende também do sítio onde vão ser aplicadas mas a medida indicada consiste num bom equilíbrio.

5) Todos a matérias contaminadas (agulhas, luvas, compressas, etc.) devem ser eliminadas de forma apropriada.

6) Preparar a área a ser perfurada com álcool e betadine ou cutasept. Remover o excesso de desinfectante com compressas esterilizadas sem passar duas vezes no mesmo sitio e sem reutilizar as compressas.É muito importante que o bottom se encontre confortável e descontraído e poderá indicar-lhe que respire fundo no momento da perfuração.

7) A agulha deve penetrar logo abaixo da superfície da pele (na camada subcutânea de tecido adiposo) e emergir a curta distância do ponto de entrada.No momento de retirar a agulha da pele, deve cobrir-se sempre a mesma (principalmente a ponta) com uma nova compressa embebida em Betadine ou Cutasept, por duas razões:a) a ponta da agulha (que entretanto esteve ao ar) vai novamente entrar no tecido (desta vez no sentido da saída), logo, requer nova desinfecção.b) no caso específico do Betadine, após alguns minutos ao ar, dado que é hidrossolúvel, tende a secar e a ficar algo "pegajoso", pelo que se for novamente humedecido facilita o deslizamento da agulha para fora.

8) Nunca espetar agulhas nos pulsos, mãos, órgãos internos, ossos, olhos ou coluna. Evitar as axilas, esterno e áreas densamente vascularizadas.É particularmente importante não passar da camada subcutânea pois se se atingir tecido muscular qualquer movimento ou contracção do submisso podem originar que a agulha se entorte ou parta o que gera o risco de rasgar o músculo.

9) Vigiar permanentemente o estado do submisso. Está fraco, a empalidecer ou a tremer? São reacções comuns ao aumento de endorfinas na circulação sanguínea mas deve manter-se atento. Ter sempre próximo: água, um kit de primeiros socorros e cobertores.

10) Álcool e drogas de qualquer espécie são totalmente proibidos.

AFTERCARE

Aftercare em needle-play deve incluir, além da óbvia desinfecção e tratamento das áreas perfuradas, uma monitorização do submisso por sinais de choque, reacções emocionais, etc. Por vezes as reacções só ocorrem algum tempo depois de ter terminado a cena de needle play. É importante que as duas partes processem as emoções provocadas pela cena de neddle play em que se envolveram e que conversem.