—E a moral?
— A moral é que, tal como a natureza a criou e como o homem da atualidade a trata, a mulher é inimiga do homem; pode ser sua escrava ou sua déspota, mas nunca sua companheira. Só quando o nascimento tenha igualado a mulher ao homem, mediante a educação e o trabalho; quando, como ele, consiga ter os seus direitos, poderá ser sua companheira. Na atualidade, ou somos bigorna ou martelo. Eu fui um burro ao fazer-me escravo de uma mulher, compreendes? Essa é a moral: o que se deixa chicotear, merece-o. Como viste, fui ferido, mas curei-me. As nuvens rosas do ultra-sensualismo desvaneceram-se e nada me fará já tomar as macacas sagradas de Benares(1) ou o galo de Platão(2) pela imagem de Deus.
(1) É assim que Artur Schopenhauer chama as mulheres.
(2) Alusão ao galo sem plumas que Diógenes lançou na escola de Platão, dizendo "Aí tens o teu homem!"