Estudo nacional conclui que a prática de sadomasoquismo causa menos ansiedade sexual aos homens do que as práticas não-sadomasoquistas. Portugueses levam, em média, seis anos até concretizarem os desejos.
A curiosidade suscitada pelas práticas de sadomasoquismo transformaram ‘As 50 Sombras de Grey’ numa máquina de fazer dinheiro: rendeu 273 milhões de euros só na primeira semana de exibição – cerca de oito vezes mais que o seu custo.
Mas não é só no grande ecrã que o BDSM (iniciais em inglês para as palavras bondage [amarrar], disciplina, dominação, submissão) está a cativar os portugueses. O tema é de tal forma incontornável que já deu origem a um estudo nacional, publicado na quinta-feira no ‘Journal of Sexual Medicine’.
Com base em 68 entrevistas a portugueses integrados na comunidade BDSM, com idade média de 33 anos e nível de escolaridade elevado, três investigadores concluíram que, em termos de satisfação sexual, não há diferenças significativas entre as práticas sadomasoquistas e as não-sadomasoquistas. A ansiedade no ato sexual chega mesmo a ser menor para os homens em contexto BDSM. Apesar do interesse dos inquiridos ter despoletado aos 20 anos, só perto dos 30 concretizaram esse desejo. Em média, demoraram seis anos até agirem de acordo com os seus interesses BDSM. Este "compasso de espera" pode estar ligado "a uma pressão social externa ou a uma pressão interiorizada pela própria pessoa", refere Daniel Cardoso, um dos autores do estudo. É em casa que os portugueses mais optam por práticas BDSM. Na maioria das vezes, essas mesmas práticas não coincidem com as que mais interesse despertam ao grupo que aprecia BDSM.
Para a comunidade BDSM, o filme "traz visibilidade", mas nem todas as "representações mediáticas são fiéis" àquilo que é o sadomasoquismo, realça Daniel Cardoso, sublinhando que "o consentimento é a base dos jogos de poder BDSM."