Marcos* é um vendedor de produtos de informática. Solteiro, ele diz que veio de uma família conservadora e pediu para não ter a sua identidade revelada. Acorda cedo, trabalha o dia todo engravatado. Freqüenta feiras e eventos e atende clientes. Desenvolto, ele tem uma vida profissional intensa e diz que preza pela sua reputação. Não quer que seus amigos e contatos do trabalho saibam seu segredo: algumas noites por mês, ele veste um macacão colorido, bem justo, todo colado que cobre o rosto – à la homem aranha - e vai para uma festa sadomasoquista. Lá, ele faz uma espécie de dança erótica sem que ninguém saiba sua identidade.
Exibicionista, Marcos é praticante do Zentai, uma manifestação artística - e sexual - que surgiu nos teatros do Japão. Em português, a expressão quer dizer ‘O corpo como um todo’. Hoje, é um tipo de fetiche comum em festas do sexo e orgias na China e no Japão – sociedades conservadoras. No Brasil, tem poucos praticantes . A maioria, homens. Entre eles, Marcos, que por falta de ter onde comprar suas vestimentas, pede para uma discreta costureira fazê-las.
“O grande ponto do Zentai é que ao proteger a nossa identidade ele permite uma libertação, sem julgamento e sem preconceito”, diz ele. "Ainda é uma coisa muito nova. Mas quando faço minhas performances nas festas, as pessoas ficam muito curiosas para experimentar. As mulheres que gostam de fazer o papel de submissa na cama são as que mais se interessam. Acho que é porque o Zentai permite uma anulação total, até da identidade".