ganonSegurando a argola do Shibari, Ele me jogou no chão. Não... Diferentemente dos relatos que leio, do que converso com outras subs e do que percebo, eu fui, realmente, jogada no chão.

Aquele Shibari parecia uma armadura a me corrigir a postura, meus movimentos eram limitados.

Cai de quatro.

- Cadela!

Aquela voz firme, mas mansa, doce, forte, gostosa e dura, me fazia molhar de qualquer jeito, mas aquele era o jeito de me fazer molhar tremendo.

Nessas horas o mundo podia acabar. Eu sentaria serenamente, acenderia um cigarro e ficaria vendo Roma queimar por inteira.

E pouco me importaria quem foi o louco que havia ateado o fogo!

- Você é uma puta!

Aquele sapato na minha frente fazia uma hipnose comigo. Eu parecia uma drogada em abstinência que via a droga a sua frente depois de dias sem consumir nada.

Aquele sapato conversava comigo.

Me chamava. Meus olhos estavam fixos nele.

Um pé grande, lustrado, preto, sola levemente suja, peito do pé estufado, bico arredondado.

Eu respirava cada vez mais forte.

Não olhava para lado algum, só para ele.

Não consegui me conter e o beijei. Aquele beijo gerou um refrigero em mim. Precisava daquilo.

Minha alma submissa Aquele homem precisava daquilo.

Micros orgasmos tomaram conta de mim.

Qual um bicho eu gemia, rosnava, virava os olhos.

Meu corpo fazia movimentos estranhos, incomuns. Eu estava tão plena que nada daquilo me importava. Eu só queria ser Dele.

Estar aos pés Dele.

Gosto? Aquele sapato tinha gosto de realização, sabor de liberdade, sensação de poder.
Um poder muito maior que eu. Uma força além da minha compreensão.

- Cachorra!

- Late!

Ele não precisava mandar duas vezes. Era instintivo, era primal.

Outro comando, outra obediência, outro micro orgasmo.

De quatro naquele chão frio, pouco limpo, escuro. Eu estava plena.

- Sinto seu cheiro de cio, mulher. Ele disse, eu ouvi. Nada respondi.

Abrindo a calça, colocando Seu falo para fora, Ele agachou qual um cão.

- Vou cobri-la, sua vaca!

Tremi. Aquelas cordas estavam muito justas. Receei não ser possível e entristeci diante da não possibilidade do coito. Mas Ele era o Senhor do tempo e do espaço que convergiam em mim.

Com força e sem nenhum tato, jeito, Ele puxa a corda para o lado.

Ela vai, mas volta.

Minha vulva estava ensandecida de quente. Eu rebolava para facilitar e levei um forte tapa na bunda e a frase que vez e outra sempre ouvia: - Não me ajuda senão atrapalha.

Ele era seco, direto e, ali, estava bicho. Eu não podia vacilar mesmo ou seria devorada por aquele animal selvagem na savana do sexo.

Fiquei quieta qual uma cadela que espera seu parceiro aprontar-se, vir e consumir.

Uma corda cedeu e como se Ele estivesse negociando com as outras, foi colocando uma a uma para o lado.

Ainda, mesmo depois desses anos em serviço, me impressiona como aquele domador de leões consegue, também, domar cobras, cães, outros bichos com força e certa facilidade.

Senti quando aquele mastro muito quente encostou na porta do meu rabo.

- Empina!

Antes que eu concluísse a ordem, Ele entrou.

Meus olhos reviraram, todo o meu corpo tremeu, minha pele ouriçou, meus músculos contraíram.

Quando eu ameacei correr, Ele segurou firme as cordas (meu Deus!!!) e me puxou para si. Entrou todo. Rasgou ao final.

Chorei o choro de uma lágrima. Empinei e O deixei fartar-se em mim. Ele podia. Eu queria.

Seu falo duro, quente, possuidor, possessivo me invadia a alma pela pele, pelo cu.

Seus gemidos me tiravam, mais ainda, o chão. Suas mãos puxando-me pelas cordas parecia uma matança na tal savana que descrevi. Descrevo mais: Era quase deserto, poucas árvores, muito sol, muita luz. Luz de cegar. O chão era terra poeirenta. Quando me dei conta da vida Ele já estava com Suas presas em minha jugular.

Todos os outros animais correram enquanto eu estava presa a Ele.

Elefantes gritavam, girafas corriam, gazelas ficavam a distância vendo tudo. Umas fofoqueiras invejosas...

- Puta de merda!

Puta de merda!

Puta de merda!

Gente!!! Ele falava isso e estocava cada vez mais forte. A corda me puxava por toda.

Suas mãos batiam em minha bunda, Suas mãos iam aos meus seios como um ordenhador vai a uma vaca todas as manhãs.

As estocadas, em meu rabo, geravam um misto de música clássica e rock.

Doía ao mesmo tempo que me fazia ferver em gozo.

Loucura pouca é bobagem, verdade.

Ele tirava quase tudo muito devagar e entrava de uma só vez. Meus gritos davam a real noção, ao mundo savânico, do que acontecia. Eu estava sendo devorada por Aquele selvagem.

Meu cu laceava a cada nova investida.

Minha cabeça não estava ali.

Meu corpo não estava ali.

Eu não estava ali.

Algumas pessoas já relataram que o espírito sai do corpo um pouco antes da morte. Dizem que não há sofrimento, de fato.

Pois é, eu havia saído, mas sofria.

Sofria de uma outra forma que eu não sei bem como relatar, mas sofria.

Era uma dor de parto. Algo que mistura prazer, arte, culinária e cartão, sem limites, para um passeio, básico, ao melhor shopping da melhor cidade. Estou dentro! E só outra mulher saberá do que falo.

Aquele prazer era como marcar uma rapidinha no salão e ficar toda a tarde sendo mimada, fofoqueada e imperatriz.

Phöuda-se que eu ia morrer ao final! O que importava era aquele momento sublime. Minhas amigas morreriam de inveja.

Voltei a mim quando uma mão estava na corda da minha cintura e a outra em meus cabelos. Suas mãos eram fortes e não haviam cuidado algum comigo. Seu falo estocava qual um cachorro.

Ele curvou Seu corpo sobre mim e acasalou.

- Você não passa de um objeto para o meu prazer.

Disse isso e saiu. Com o chicote-guia fez meu rosto levantar até que meu olhar cruzasse com o Dele. Eu ainda estava completamente fora de mim, mas bastou ver aqueles olhos fixos em mim para que tudo mudasse, para que toda a órbita
parasse. Abaixei os olhos.

- Goza.

- Goza me olhando, puta de merda!

Merda em sotaque carioca phöde com tudo.

Minha bunda mexia como se Ele ainda estivesse dentro dela, meu gozo veio farto com gemidos de morte.

Ele bateu me olhando e vi sua porra farta cair a minha frente.

Desesperei e totalmente fora de mim, corri naquele chão para lamber cada gota.
As últimas, Ele fez questão de mirar no sapato.

Puta que pariu!!! Aquilo era o fim! Como se não bastasse todo aquele uso, Ele ainda faz isso!?

Lambi, lambi, lambi, lambi até que minha saliva substituiu a porra toda.

Phöuda-se o mundo!!!

Senti o vento gerado por aquele minúsculo pedaço de EVA jogado ao meu lado.

- Deita.

Obedeci aquele comando e não precisou vir outro para que tudo continuasse em sonho.
Adormeci.

Szir GanoN

Parlamento de Júpiter