Saudações BDSM, triangulares e fraternais!
Há muito tempo, em uma terra muito distante, um certo compositor e cantor de renome, indignado, apontou um sem fim de incoerências e, aos gritos, perguntou: - Que país é esse!?
Perguntou várias - e muitas - vezes, mas a única resposta que aparecia era um, sem sal e repetitivo, solo de guitarra.
Não importa se Oriente ou Ocidente. Em todas as culturas o padrão é o velho ser visto com admiração e respeito (os mais evoluídos vão além e os veem, também, com fascínio). Ele (o tal velho) não somente detém os domínios do conhecimento como igualmente tem a capacidade de transmiti-los a quem interessar possa.
Algumas coisas não se desenvolvem sozinhas. Conhecimentos, habilidades, tecnologias, meios de aplicação, leitura de itens específicos, metodologias de pesquisas e de identificação, classificação e catalogação são algumas delas.
Em verdade, eu vejo o velho como "a possibilidade de um mais rápido e melhor embasamento para o crescimento do novo".
Assim é em todos os povos, em todas as culturas, em todos os grupos. O velho recebe o novo, o ambienta, possibilita a sociabilização, o encaminha, auxilia em seu crescimento e sorri ao ver que ele envelhece, faz o ciclo se repetir e a cultura continuar crescendo.
O foco não são as pessoas ou seus status e posições. O foco é a cultura como um todo!
Pouco importa se A faz um telhado concavo ou B faz um outro convexo. O que importa é que ambos disponibilizarão seus métodos para que não somente outros os usem como igualmente os aperfeiçoem, pois o ir além trará melhorias para todos.
"Deixar a biblioteca aberta e ensinar que a explorem é deixar o escritor com tempo para escrever mais.
Fazer com que o escritor ensine a entender sua obra é infinitamente mais complexo que possibilitar, ao leitor, interpretar qualquer obra, pois assim o escritor terá tempo para escrever ainda mais"
O BDSM (eta povinho egocentrado, viu...) é o único lugar onde ser mais velho, mais experiente, mais antigo, mais acostumado a tudo é ser um problema.
Aqui Dino (abreviação de dinossauro usada pejorativamente para se referir aos membros comprovadamente mais antigos) é sinônimo de "merda fresca", ou seja, passe ao largo porque ninguém gosta e com você não pode ser diferente.
No BDSM, ser dino hoje é como ser um leproso na época do Cristo. Tem que viver isolado na montanha (ou ilha) dos leprosos, pois sua presença é sinal de mau preságio (agôro?) para a sociedade.
Mas por que acontece isso no BDSM?
Muito bem, darei uma de Mister M e acabarei com a graça de quem condena os dinos. Revelarei seus truques e mostrarei como você, também, poderá passar a desmascarar a quem fale mal de alguém que, comprovadamente, está aqui há anos trabalhando arduamente para somar, diferentemente desses tolos que chegam (do nada) para dividir!
Vejam (e entendam) como tudo acontece:
BDSM é uma das poucas culturas onde ainda é possível chegar completamente anônimo, criar um currículo qualquer (ou devo parar com os eufemismos e dizer ...
falso?), se apresentar a um, seduzir a dois, ser amigo de três, pagar as contas de quatro, aplacar as mazelas de cinco, ser terapeuta de plantão de seis, dar alta a sete desequilibrados e... em pouquíssimo tempo ser tido como o membro mais ouvido e respeitado por oito! Nessa hora só faltam dois grupos de figurinhas para que o álbum do sujeito esteja completo.
1. 9 adeptos muitíssimos bem relacionados (leia-se um leva a traz de fofocas e más influências);
2. 10 iguais a ele que, unindo forças e seus exércitos de 45 soldados, passarão a ser os donos do BDSM.
Em menos de três meses eles terão vinte anos de BDSM, 48 artigos (que ninguém sabe onde estão porque, lá atrás, ele se aborreceu com o meio e queimou tudo) sobre todas as práticas e um catálogo completo de como fazer isso e aquilo.
Sim, em três meses ele se unirá a uma submissa falida e mal querida pelo meio, mas aturada e ouvida para, por ela ser apresentando como "o cara"!
Muito bem. Dois exércitos, uma apresentação digna de cinema e (já) status de Dono do BDSM Brasil. Mas...
Nessa hora, qual será o seu único problema? Os dinos!
Por que? Porque os Dinos, como todo velho, detém o conhecimento e busca compartilhá-lo de forma democrática e não de forma impositiva.
Para um dino, o que é, é e pronto. Pode ser diferente? Claro, desde que você sente o rabinho na cadeira, pesquise, embase, teste, prove e comprove, ou seja MUITO trabalho para alguém que, em três meses, construiu um império sem esforço algum.
Porém, para um tolo que acredita somente em poder, quando o assunto é BDSM, o que é tem que ser o que ele quer que seja. E quando alguém sinaliza que os argumentos do Dino parecem ser mais coerentes ele, ao invés de somar, trocar e fazer todo o meio crescer, declara guerra e começa a gritar, pelos sete cantos, que Dino não presta, que dino isso, que dino aquilo.
Chega ao absurdo de alegar que, em suas viagens (imaginárias, claro), foi BDSMer aqui e acolá, mas nada prova, mas a verdade é que nada aconteceu além de sua mente e vontade.
A única coisa que eles não percebem é que a experiência, de um dino o, ensinou que "aquilo" é só mais um "vento de bostas" que o vergará, passará e ele (o dino), qual uma palmeira imperial, continuará onde sempre esteve: A disposição do BDSM como um todo e não de alguns poucos que querem ser todo o BDSM.
Pronto. Revelei o ilusionismo deles. Agora você já sabe como é feito o truque, mas não diga isso a eles. Assista ao espetáculo e, ao final, com toda educação, sorria, aplauda e espere as cortinas, a frente deles, fecharem. Sempre fecham.
Abraços fraternais, sempre!