glauco matoso mixNo próximo dia 29 de fevereiro, chega às bancas de todo o Brasil a mais nova publicação da Editora MixBrasil, a revista H Magazine. Voltada para o público gay com mais de 30 anos, a H vem recheada de matérias mais aprofundadas, com temas como cultura, moda, beleza, consumo, saúde, turismo, design, decoração. Um poderoso trio de colunistas formado por Gilberto Scofield Jr., Tony Goés e João Luiz Vieira também integra o time da H.

 Um dos destaques desta primeira edição é a entrevista com o poeta fetichista Glauco Mattoso, o maior nome da literatura marginal e clandestina brasileira. Em poesias que mais se assemelham a contos eróticos, Glauco explora o sadomasoquismo, a bizarrice, a tortura e a violência sexuais. Sua obra choca, sem causar constrangimento. Tudo o que se quer ao ler a obra do poeta é saborear um texto após o outro.

 H Magazine - Você é considerado por muitos um “poeta maldito”. A inspiração para as suas obras, aquilo que você escreve foi uma escolha sua ou veio como uma habilidade natural, sempre quis escrever sobre isso?

 Glauco Mattoso - As duas coisas. Uma é que eu realmente optei pela linhagem maldita da literatura. É uma linhagem muito antiga, vem desde os clássicos da antiguidade. Já havia uma literatura erótica, que eles chamavam de fescenina, mais ligada à uma poesia de cunho muito satírico e muito sacana também. No caso da poesia portuguesa, por exemplo, nomes como Gregório de Matos e Bocage eram chamados de poetas pornográficos. De certa forma, me vinculei a essa tradição, primeiro porque fui um estudioso muito aplicado. Meu problema visual me forçou a me isolar do resto da molecada e eu passei a ser uma espécie de CDF, aquele cara que se isola só para ler. O fato de ser um deficiente visual – até os 40 anos enxerguei mal e depois perdi totalmente a visão – me acarretou uma série de discriminações e perseguições. A molecada da zona leste de São Paulo, que era uma pivetada muito malandra, praticamente me currou. Hoje a gente chama tudo isso de bullying, mas na época a gente falava zoar, eu fui zoado. Foi da experiência de ser humilhado, principalmente com os pés na cara, além daquelas coisas que o resto da molecada fazia, como obrigar a chupar, foi que despertou em mim o fetiche pelo pé, desde aquela época.

 H Magazine - Quanto da sua vida está presente nos seus contos, nos seus poemas?

 Glauco Mattoso - É difícil precisar em porcentagem. Mas eu diria que, propositadamente, sempre deixo vaga essa linha divisória entre a realidade e a fantasia, para dar ao leitor o poder de decisão, o que aconteceu realmente com a vida do Glauco e o que ele está inventando. Mas ressalvo o seguinte: o que não aconteceu e eu acrescento por conta da minha imaginação, com certeza aconteceu com outras pessoas. Vamos dizer que metade aconteceu comigo e a outra metade são de coisas que me contaram. Coisas que eu até desejaria que tivessem acontecido comigo, mas é muita perversão junta, muita variedade de perversão para acontecer com a mesma pessoa.

 :: A entrevista completa com Glauco Mattoso pode ser conferida na H Magazine, que chega às bancas no dia 29 de fevereiro. 

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