O Sapato feminino habita no universo e o imaginário feminino, não é por acaso que nove entre dez mulheres preferem o conto da Cinderela como o seu preferido, não pelo encontro com príncipe encantado e sim pelos seus perfeitos sapatos de cristais. Olhe o sapato de uma mulher e você adivinhará o estado emocional dela; as metas e expectativas; se a autoestima está alta ou baixa; e o que é mais importante, a atitude dela em relação a sexo. Alguns tipos de sapatos femininos, como mocassins e tênis, são sexualmente neutros. Mulheres que usam habitualmente esse tipo de calçado não se preocupam em propagar agressivamente a sua sensualidade, porém a mulher de salto alto andando pela rua, sabe o poder de atração que esse tipo de sapato exerce. Os saltos altos fazem a pelve oscilar, o que projeta os seios para frente e salienta as curvas do corpo, eles alongam as pernas, o que por sua vez atrai os olhos para cima, para a genitália. Ao contrair os músculos da parte inferior da perna, os sapatos de salto alto afinam a barriga da perna e o tornozelo, fazendo com que o pé pareça menor, Por fim, os saltos altos mudam consideravelmente o andar da mulher e visualmente fica mais excitante para o desejo masculino ou nos tempos modernos também o desejo feminino.
A análise dos conteúdos psíquicos do sapato remete a uma simbologia fálica freudiana, que toma o pé como substitutivo do pênis na mulher. Não é, portanto, por acaso que as lesbianas adquiriram o apelido pejorativo de “sapatão”. Seguindo os pensamentos de Freud o desejo da mulher pelo sapato é o desejo de penetrar e/ou de se deixar ser penetrada. O sapato combina imagens masculinas e femininas de muitos níveis diferentes, do salto agulha penetrando o corpo fetichista ao pé deslizando para dentro de um sapato aberto. Cabe tecer um pouco para o leitor e a leitora acerca do que é fetichismo.
Fetiche é um objeto da qual se atribuem poderes mágicos, para a psicologia, o objeto do fetiche é a representação simbólica de penetração, geralmente por um objeto inanimado estando ou não em contato com o corpo. Nos três ensaios para uma teoria sexual, Freud deu uma ênfase para a perversão sobre tudo sobre o fetichismo. Neste ensaio Freud faz uma diferenciação entre a condição fetichista e o fetichismo. O primeiro seria a condição normal do ser humano a apresentação do outro como objeto de desejo e sexual, enquanto que o fetichismo retira o outro como objeto de desejo/sexual e desloca para um objeto parcial inanimado. Por exemplo: Um sujeito normal iria desejar a dona do sapato, e o fetichista iria desejar possuir somente o sapato excluindo a dona.