Concluído o apanhado histórico da Parte 1, de como o homem intuiu e depois experienciou a eletricidade na fisiologia, passemos à segunda parte da série sobre eletroestimulação, onde abordaremos alguns conceitos importantes sobre eletricidade e as grandezas envolvidas. Faremos uma pequena incursão na eletricidade e fisiologia.
Tentei deixar esta parte o mais palatável possível para os que não estão familiarizados com a eletrônica, a física médica e a eletricidade. Peço paciência aos que já conhecem o tema, e para atender aos que não gostam das ciências exatas, tentei eliminar o máximo possível o tratamento matemático e a física do assunto.
1.0 A ELETRICIDADE
A eletricidade é uma forma de energia que existe em todas as coisas, em seu próprio corpo, no papel onde eu imprimi este texto, na cadeira em que voce está sentado, no ar que voce respira e em todas as coisas que tem massa e ocupam lugar no espaço. A razão pela qual não percebemos sua presença é porque nestes objetos, a eletricidade não está em movimento.
Não precisamos saber a fundo o que é a eletricidade ou do que ela é feita, para aproveitá-la na prática. Precisamos saber, no entanto, como ela atua e como pode ser utilizada para realizar o que desejamos.
A principal parte da eletricidade com a qual devemos familiarizar-nos é a que se refere ás suas características e aos efeitos que produz em certas circunstâncias.
Precisamos aprender as qualidades da eletricidade para aplicá-la eficientemente e sem perigos.
2.0 ESTUDO SIMPLIFICADO DA ELETRICIDADE
Algumas características da eletricidade podem ser comparadas com as da água, e visto que todos nós estamos familiarizados ou temos uma idéia intuitiva a respeito da água, utilizarei na maioria das vezes esta comparação.
Podemos observar na Fig. 1 dois tanques cheios de água, no mesmo nível. Os tanques estão ligados entre si por meio de canos, em cujo sistema incluí uma válvula e uma turbina. Se neste desenho, abrirmos a válvula, as palhetas da turbina não se moverão, porque não existe diferença de pressão entre um tanque e outro para que se tenha um fluxo de água. (As duas estão no mesmo nível.)
Mas quando o nível da água em um dos tanques for mais alto, existirá uma diferença de pressão entre eles, e a água passará do tanque mais alto para o mais baixo, fazendo a turbina girar. A diferença de alturas na caixa d'água, produz a força eletro motriz.
3.0 PRODUÇÃO DA PRESSÃO ELÉTRICA (Força Eletro Motriz)
Por analogia com a água, estou chamando a Força Eletro Motriz de Pressão Elétrica.
Quando se trata de eletricidade, encontramos uma condição muito parecida com o que acabamos de estudar em relação ao sistema hidráulico.
Na Figura 2 temos um gerador, ligado a um interruptor e auma lâmpada.
Se o gerador não estiver funcionando, mesmo que liguemos o interruptor, a lâmpada não se acenderá. No entanto, existe no sistema tanta eletricidade, como se o sistema estivesse funcionando. Podemos comparar esta figura com a Fig.1; onde temos dois tanques de água no mesmo nível.
Agora, se o gerador estiver funcionando, uma corrente elétrica passará através do circuito, fazendo com que a lâmpada se acenda.
O que realmente acontece, é que quando o gerador é ligado, ele dá origem a alguns fenômenos que estabelecem uma diferença de potencial.
Esta diferença de potencial, pode ser comparada com a diferença de níveis entre as caixas d' água.
Em geral, não se emprega o termo "pressão elétrica" como fiz anteriormente. Costumamos chamar a "pressão elétrica" de força eletro motriz (F.E.M.).
E a unidade que se emprega para medirmos a F.E.M. é o Volt. (V)
Bom, então, podemos pensar que Volt seria a diferença de alturas entre as caixas d'água? Certo! Em uma linguagem mais técnica, a tensão elétrica, ou popularmente, "voltagem".
4.0 O AMPÉRE ou CORRENTE ELÈTRICA
Continuando no mesmo raciocínio, precisaremos de um nome, para medirmos quanta água passa entre as caixas d'água. A medida equivalente da quantidade de água no nosso exemplo, na eletricidade é quantidade de corrente elétrica, e chamamos de Ampére (A). Em homenagem ao físico francês André Marie Ampére. As unidades menores que um Ámpére, são divididas em miliampéres e microamperes. (mA e mA, respectivamente.)
O Ampére é a indicação da quantidade de eletricidade que se movimenta em um condutor, em um determinado instante de tempo. E este fenômeno recebe o nome de corrente elétrica.
Então por analogia, o Ampére é a quantidade de água que circula entre as caixas d'água? Certo de novo!
Bem, você pode estar se perguntando... – E o que isso tudo tem a ver com eletro estimulação?
Costumo dar como exemplo, nos encontros sobre eletroestimulação aos quais sou convidado, que, o que mata, ou é prejudicial, não é a tensão (Volts), mas sim, a corrente elétrica. (Ampéres). Querem um exemplo pensando na água?
Se você entrar debaixo de uma cachoeira com 800 metros de altura, mas com um filete mínimo de água, nada lhe acontecerá. No entanto, se você entrar embaixo de uma cachoeira de 20 metros de altura, mas com um volume de água muito grande, certamente você sairá machucado, ou mesmo, poderá morrer.
Na prática, isto significa que você pode tomar um choque de 10.000 Volts e somente sentir uma agulhadinha, (às vezes, quando saímos do carro em um dia de verão e encostamos na porta, ou em alguma parte metálica, tomamos um choque desta ordem de grandeza.). Ou tomar um choque de 90 Volts e morrer.
- Quer dizer....o que pode causar danos é a corrente, e não a tensão?, ou Seja o mais importante é saber a "Amperagem" e não a "Voltagem"?
- Certíssimo!!
5.0 APARELHOS DE ELETRO-ESTIMULAÇÃO
Agora vamos começar com algumas coisas mais "práticas".
A grande maioria dos aparelhos de eletro-estimulação, utiliza pilhas.
Todas as pilhas e baterias, sem exceção, são fontes de corrente contínua. Elas tem dois pólos, um negativo, e outro positivo. A corrente elétrica, sempre vai do pólo negativo para o pólo positivo. Mas atenção,...pelo fato destes aparelhos usarem pilhas, não significa que eles entregam corrente contínua!
Aquelas baterias quadradinhas, normalmente têm 9 volts e podem gerar entre 70 e 90 miliamperes por alguns instantes.
As pilhas, pequenas, médias ou grandes, geram 1,5 Volts. Mas o que muda é a corrente elétrica. O quanto cada uma pode fornecer em Ampéres. O que um aparelho de eletro-estimulação faz, é pegar a tensão da bateria (9V), e a corrente que ela proporciona, e transformar a tensão para algo próximo dos 200 Volts, e transformar a corrente contínua em corrente alternada.
- Epa! Que negócio é esse de corrente contínua e corrente alternada?
6.0 CORRENTE CONTÍNUA E CORRENTE ALTERNADA
Vimos que uma bateria tem dois pólos. Um negativo e outro positivo. Bem marcados, com um sinal de mais (+) para o pólo positivo, e um sinal de menos (-) para o pólo negativo.
Eles sempre serão assim. Um sempre negativo e outro, sempre positivo. Seja daqui á um minuto, uma hora, um dia. Chamamos então de corrente contínua.
Já na corrente alternada, (encontrada nas tomadas de casa) não há necessidade de se marcar qual o pólo positivo, ou qual o pólo negativo, sabem porque?
Porque eles se alternam 60 vezes por segundo.
Ou seja, durante um segundo, um daqueles buraquinhos da tomada não importa qual você escolha, vai mudar entre pólo positivo e pólo negativo, 60 vezes por segundo. Eles se alternam. Daí vem o nome de corrente alternada. Veja a Figura 3.
A maioria dos aparelhos eletrônicos, depois da indicação da tensão ("voltagem") em que trabalham (110V ou 220V) ainda tem a seguinte marca: 50/60 Hz.
A abreviatura de Hz, significa Hertz, sobrenome de um físico alemão que descreveu as propriedades de oscilação de ondas.
Um Hertz é algo que acontece uma vez por segundo. 60 Hertz significa que 60 vezes por segundo, alguma coisa (a alternância entre os pólos negativo e positivo de nossa tomada, por exemplo) se alterna de um modo exatamente igual. Daí, de uma maneira rudimentar podemos definir a freqüência.
A grande maioria dos aparelhos de eletroestimulação usa corrente alternada.
Isto significa que nos fios que saem destes aparelhos, embora marcados com positivo (vermelho) e negativo (preto), os pólos se alternam várias vezes por segundo.
E por favor, não me vão ligar dois fios na tomada, e usar como eletro-estimulador, porque a corrente que uma tomada pode fornecer é da ordem de algumas dezenas de Ampéres. Suficiente para provocar sérias queimaduras ou matar qualquer um.
Um bom exemplo de corrente alternada pode ser encontrado neste endereço:
http://www.geocities.com/CapeCanaveral/Hall/6645/
É um applet em Java, que mostra um motor (á esquerda, que fica virando), um voltímetro (o aparelho á direita, que fica mexendo o ponteiro, reparem que o 0 (zero) está no meio da escala). E ao fundo, há um gráfico, com uma bolinha azul que vai percorrendo a extensão deste.
Note que existe uma barra logo após o botão "change direction". ( a direita)
Clique e segure com o mouse o botão da barra, e leve até o fim da escala.
Observe o ponteiro ir do negativo, passar pelo zero, e ir ao positivo, e observe a bolinha ao fundo.
O gráfico ao fundo representa a corrente alternada.
Neste applet, o máximo de alternância que chegamos é 12 vezes por minuto.
Lembre-se que na tomada, temos 60 vezes por segundo, ou 60 Hertz.
É a alternância entre positivo e negativo, que causa a sensação de formigamento quando tomamos um choque elétrico.
A maioria dos aparelhos de eletroestimulação tem um controle de freqüência, que serve para alterarmos o tipo de estímulo que o(a) submisso(a) irá sentir.
7.0 FREQÜÊNCIA
A freqüência, fenômeno físico que não abordaremos em profundidade aqui, pode ser definida como quantas vezes por segundo um fenômeno se repete.
A freqüência é o segundo mais importante parâmetro dentro da eletro-estimulação. Variando-se a freqüência, podemos variar o tipo de sensação e de resultado que queremos obter. Com a variação da freqüência, pode-se induzir músculos á fadiga, pode-se induzir ereções e orgasmos.
As freqüências altas são nocivas para o corpo humano. Um aparelho de eletro estimulação, deve trabalhar na faixa entre 4 e 200 Hertz, admitindo-se uma variação de mais ou menos 15%.
Se as freqüências de trabalho são muito altas, o corpo humano oferece pouca resistência á passagem da corrente elétrica, podendo ocasionar queimaduras e lesões.
8.0 SEGURANÇA
Para um aparelho ser seguro e eficiente, o mesmo precisa possuir um limitador de corrente. É um circuito que impede o aparelho, caso haja algum problema, de aplicar uma corrente passível de causar danos ao nosso parceiro(a).
odo bom circuito de eletro-estimulação tem um limitador de corrente.
Normalmente os aparelhos de eletro-estimulação não oferecem controle manual sobre a corrente. Isto os encareceria bastante.
Já vimos que o que pode ocasionar danos ou até mesmo matar, é a corrente elétrica. Estudos determinaram o seguinte:
- Acima de 10 mili-ampéres nosso corpo já sente os efeitos da eletricidade
- Entre 30 e 70 mili-ampéres é o limite seguro para eletro-estimulação abaixo da linha da cintura em uma pessoa sadia.
- Acima de 80 mili-ampéres a corrente elétrica é suficiente para induzir uma fibrilação cardíaca.
- Acima de 150 mili-ampéres pode-se obter queimaduras por eletricidade.
9.0 ELETRODOS
Aqui está uma parte do segredo de uma boa ou má experiência com eletro-estimulação. Eletrodos são os componentes que fazem a ligação entre seu corpo e o aparelho de eletro-estimulação. Servem para entregar a eletricidade no local que desejamos aplicá-la. Por isso têm várias formas e tamanhos.
Difíceis de serem encontrados, normalmente recorremos à criatividade e habilidade para confeccioná-los. Os eletrodos encontrados facilmente em lojas de equipamentos cirúrgicos e que podem ser usados, são os de borracha condutiva, alguns contém uma pequena bomba de sucção de borracha, próprios para eletrocardiograma. (ver: "Mais Eletrodos").
Os eletrodos de borracha condutiva, daqueles usados em fisioterapia, ou em eletrocardiogramas, são inadequados para aplicações de eletro-estimulação internas.
Os eletrodos podem ser unipolares, ou bipolares.
Eletrodos unipolares só tem uma conexão para a ligação com o aparelho de eletro-estimulação, e devem ser usados aos pares. Você precisará de dois eletrodos para estabelecer o circuito de eletro-estimulação.
Os eletrodos bipolares tem dois pontos de contato isolados entre si. E basta um único eletrodo com os dois fios para se estabelecer o circuito.
Eletrodos bipolares são muito difíceis de serem conseguidos.
Um dois maiores cuidados que devemos tomar é não provocarmos o curto-circuito, inutilizando o aparelho de eletro-estimulação.
Curto-circuito?
10.0 CURTO-CIRCUITO
Devemos nos lembrar que a regra básica da eletricidade, é que ela sempre vai fazer o menor caminho para fechar o circuito. Ou seja: ela vai fazer o caminho que oferecer menor resistência, que tiver menos obstáculos.
A pele seca tem uma resistência na ordem de alguns mega ohms.
(Ver resistência elétrica)
Quanto mais úmida estiver a pele, melhor a eletricidade vai andar por ela.
É por isso que devemos sempre usar um gel entre a pele e os eletrodos.
Pois se a eletricidade encontrar uma resistência grande para andar pela pele, ela pode queimar.
Mas voltemos ao curto-circuito. Se o aparelho de eletro-estimulação estiver ligado, e os dois eletrodos se encostarem, teremos um curto-circuito, e o aparelho queimará.
Mesmo que os dois eletrodos estiverem em contato com a pele, a eletricidade sempre fará o menor caminho, o que oferecer menos resistência, portanto, ela vai passar de um eletrodo para outro. Era uma vez um aparelho de eletroestimulação.
Querem um exemplo? Dois eletrodos unipolares inseridos no ânus ou na vagina.
Você não consegue ver o que está acontecendo lá dentro, e de repente seu/sua submisso(a) misteriosamente se aquieta.
O que aconteceu? Você se pergunta. Você aumenta a intensidade nos controles do aparelho e nada acontece.
Bem, o mais provável, é que os eletrodos se encostaram lá dentro dele(a), e houve um curto-circuito, danificando o aparelho.
11. MAIS ELETRODOS
Se desejarmos eletro-estimular o ânus ou vagina, precisaremos de um eletrodo em forma de butt plug, ou vibrador, onde o mesmo NÃO pode ter um diâmetro grande. Por que não? Porque poderemos causar uma lesão muscular, não dando espaço para o músculo se contrair. E a última coisa que desejamos é um feixe muscular vaginal ou anal lesado, não é?
Evite eletrodos de cobre, latão ou bronze. Estes metais são prejudiciais á saúde.
Os melhores eletrodos são de ouro ou aço inox cirúrgico.
A maior parte da eletroestimulação masculina é feita entre a próstata, atingida por via anal e o pênis. Também pode-se alcançar bons resultados com eletro-estimulação por uma sonda uretral (um pólo) e próstata (outro pólo), ou na região escrotal.
Na eletroestimulação feminina, normalmente um eletrodo é aplicado no ânus, e outro na vagina. Outra forma bastante comum é um eletrodo externo na região clitoriana e outro, inserido no ânus ou internamente na vagina.
Sempre deve haver um gel condutor entre o eletrodo e a pele, para se evitar queimaduras, e para diminuir a resistência elétrica da pele, proporcionando uma boa interface entre pele e eletrodo. Lembre-se que a eletricidade sempre faz o caminho mais curto, ou que oferecer menor resistência.
- Espera!!! Você falou em resistência elétrica? Que negócio é esse?
12. RESISTÊNCIA ELÉTRICA
A resistência elétrica é o ato de oferecer, como o próprio nome diz, resistência á passagem da corrente elétrica. A medida da resistência elétrica é expressa em Ohm. Uma homenagem ao físico alemão George Simon Ohm que iniciou sua carreira científica como professor de matemática no Colégio dos Jesuítas, em Colônia. Em 1827 ele publicou o resultado de seu trabalho mais importante em um folheto, "O circuito galvânico examinado matematicamente". Nessa publicação ele apresentava a lei sobre a resistência dos condutores, que mais tarde foi denominada Lei de Ohm.
A pele seca de um ser humano tem uma resistência da ordem de 1 á 2 MegaOhms. Ou seja: de 1 a 2 milhões de Ohms. Quanto mais seca estiver a pele maior será a resistência á eletricidade, e por conseguinte, quanto mais molhada estiver a pele, menor a resistência elétrica que ela oferecerá para a passagem da corrente.
Ohm disse que a Tensão (Voltagem) é igual ao produto da corrente pela resistência elétrica. Em outras palavras:
V = R x I
"Voltagem" = Resistência x "Amperagem"
Não devemos nos esquecer que a pele seca tem uma resistência da ordem de 2 MegaOhms ( dois milhões de Ohms), e que quando molhada, esta resistência cai para 30 Ohms.
Portanto, quanto menor a resistência, maior a corrente elétrica que passa por ela!
– Pára! Estou em um site BDSM, não quero estudar matemática e muito menos física do segundo grau!
Mas você vai precisar entender resistência elétrica, porque é ela que está diretamente envolvida em eletroestimulação, e se não entendermos como ela funciona, poderemos provocar umas boas queimaduras em seu(sua) submisso(a).
Explicando dentro do BDSM, podemos dizer assim:
Quanto maior for a resistência que a pele do submisso(a) oferecer, mais corrente e tensão (amperagem e voltagem) precisaremos fornecer, para causar alguma sensação.
O problema é que se aumentarmos a corrente e a tensão, podemos obter alguns efeitos físicos interessantes, que na sua maioria levam a um mesmo lugar:
Queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau.
- Bom, e como resolver este problema?
De uma forma muito simples: Se a pele não está suficientemente umedecida, basta molharmos a pele. Uma possibilidade, é que se prepare uma solução de água com sal de cozinha ( 1 colher de sobremesa para um litro de água). E aplica-se esta solução com um vaporizador de água. (Você pode encontrá-los em lojas de jardinagem).
Este método é muito bom para a pele externa.
Para uso interno (ânus, vagina, uretra) deve-se usar o gel KY ou similar, que é a base de água. Não use óleo mineral do tipo Johnson Baby gel, ou algo parecido.
Fique atento: a cada 20 ou 30 minutos você deve acrescentar mais gel lubrificante, porque primeiro: tanto a vagina como o ânus, que são ricos em mucosas, absorvem por osmose a água contida no gel, e depois, porque, devido á eletricidade, ocorre uma dissociação iônica nos componentes do gel.
Tendo estes cuidados, reduzimos muito a possibilidade de queimaduras por eletroestimulação, além de aumentar a sensação e o efeito desejado.
13.0 FAZENDO ELETROESTIMULAÇÃO
Agora que temos os conceitos básicos, podemos falar um pouco da eletro-estimulação dentro do BDSM.
A primeira coisa que você vai precisar é de um submisso(a). Parece brincadeira, mas não é. Não é qualquer submisso(a) que pode receber umas descargas elétricas no corpo.
Devemos estar atentos para NUNCA praticarmos eletroestimulação em:
- Portadores de marca-passo
- Portadores de qualquer doença cardíaca
- Portadores de próteses ou pinos de metal nas pernas, pés, braços e pelve.
- Grávidas
Depois, iremos precisar de um aparelho que produza eletricidade. Estes aparelhos NÃO podem ser do tipo ABTronics, ElyzeeBelt (da feiticeira) ou similares.
Esta é a forma mais rápida de voce ter um acidente com eletroestimulação em suas mãos.
No Brasil não existem aparelhos específicos para isso, e os importados são caríssimos.
Existem duas linhas distintas de eletroestimulação, mas que no final buscam a mesma coisa:
Os que usam aparelhos para produzir os estímulos
- Os que usam ondas sonoras convertidas em sinais elétricos
Neste artigo tratamos principalmente do primeiro tópico.
Na falta destes, sobram os aparelhos para fisioterapia, que embora não sejam os mais adequados, podem gerar bons resultados, embora seu preço seja alto.
A maioria dos aparelhos trabalha com corrente alternada.
Qualquer que seja a opção que faça, ainda falta um componente fundamental.
O eletrodo, que, como vimos anteriormente, é o dispositivo que entrega e eletricidade produzida pelo aparelho no local do corpo que queremos estimular.
Podem ser agulhas, pedaços de borracha condutiva, objetos metálicos, etc...
As agulhas são usadas para estimular feixes de fibras nervosas diretamente, e requerem uma técnica aprimorada.
Determine se os eletrodos que irá usar são unipolares ou bi-polares.
Lembre-se que você irá precisar de no mínimo dois eletrodos caso estes sejam unipolares.
Se for aplicar eletro-estimulação no ânus ou vagina, precisará de um Gel condutor.
Certifique-se que os eletrodos não estejam encostando um no outro após fixados, e que não estejam provocando um curto circuito, que irá danificar seu aparelho.
Não utilize eletrodos unipolares para eletro-estimulação somente anal ou somente vaginal. Isto não dá certo, pois os eletrodos entrarão em contato no interior do corpo.
Não aplique eletro-estimulação acima da linha da cintura. Eletroestimulação nos seios NÃO se faz!!!! Estas fotos que vemos são pura tapeação.
Se aplicar uma corrente elétrica no tórax, você pode, dependendo da corrente utilizada, induzir uma fibrilação cardíaca.
Jamais aplique eletroestimulação na cabeça, principalmente intracraniana.
NÃO ACREDITE QUE QUANTO MAIS, MELHOR, pois em eletro-estimulação, se usar este critério, poderá ocasionar uma lesão, contratura muscular ou mesmo rompimento de feixes musculares, e a brincadeira ficará mais séria que imagina.
Lembre-se que as fibras musculares tem sentidos diferentes em nosso corpo, portanto estudar um mínimo de anatomia é essencial para um dominador(a) tirar o máximo de proveito de uma sessão de eletro-estimulação;
Teste o limiar de sensibilidade do seu submisso(a). Ajuste os controles de intensidade e freqüência para obter o efeito desejado.
Seja paciente. O maior aliado da eletroestimulação, além do conhecimento de anatomia, é o tempo.
Lembre-se de usar luvas de borracha quando estiver fazendo uma sessão de eletroestimulação.
Fique atento para a sensação de "agulhadas" e desconforto por parte da(o) submisso(a), este é um bom sinal para o início de queimaduras por eletricidade.
O sucesso de uma sessão de eletroestimulação é planejamento!
Pessoas diferentes têm níveis diferentes de sensibilidade e de resistência elétrica na pele. Caso tenha mais de um submisso(a) faça uma tabela para cada pessoa.
Planeje onde vai aplicar, que tipo de eletrodo vai usar, se vai precisar de um esparadrapo para fixar os eletrodos, que tipo de efeito quer conseguir, se é um prêmio ou se é um castigo.
Lembre-se que tanto no homem quanto na mulher, o gozo está intimamente relacionado com contrações musculares.
Uma, duas, três vezes pode ser prêmio, mas estimular isso seguidamente pode ser um castigo terrível. Na mulher, a sensação de gozo depois da sexta vez, na média, torna-se insuportável.
No homem, a contração repetida da musculatura que envolve a próstata é terrivelmente perversa. Para as dominadoras: a eletroestimulação masculina pode provocar reações bastante interessantes.
14.0 COMO FUNCIONA UM APARELHO DE ELETRO ESTIMULAÇÃO
Um aparelho de eletro estimulação, em termos gerais, retira os 9 Volts da bateria, entrega á um transformador, que eleva a tensão da bateria para algo entre 170 e 250 Volts, e junto com um oscilador, ou alternador, transforma a corrente (que era antes contínua, em alternada.)Depois, temos os controles de tensão (Voltagem) e Freqüência. Variando estes dois controles, temos uma ampla gama de sensações, que podem ir de uma estimulação prazerosa ao castigo.
Resumindo, o aparelho entregará na saída, os 9 Volts originais em Corrente Contínua da pilha, transformados em até 250 Volts, Corrente Alternada, com uma corrente entre 50 e 80 miliamperes (mA), através de dois conectores, onde se inserem os bornes ou pinos, com fios e que vão ligados a(os) eletrodos.
Existem aparelhos que podem fornecer duas saídas independentes, com controles independentes. Observe o eletrodo bi-polar branco no protótipo 3. em um único eletrodo tem-se dois polos isolados. Usei tinta condutiva para confeccioná-lo.
15.0 Considerações Finais
Se você pretende iniciar-se nas práticas de eletroestimulação, siga três regras básicas:
- Nunca faça nada acima da linha de cintura
- Estude, estude, estude. Planeja suas sessões com antecedência
- Saiba o que fazer e como fazer. Em caso de dúvidas, converse, busque informações.
Por último, o autor lembra que este artigo não habilita ninguém a sair praticando eletro estimulação por aí.
O autor também não é responsável por lesões, acidentes, ferimentos ou traumatismos que incapacitem ou venham a tirar a vida de alguém.
Este artigo é meramente ficcional e em hipótese nenhuma pode ser tomado como referência para prática ou aplicação de eletroestimulação por quem quer que seja.
Este artigo não dá base nem capacita ou habilita pessoas para exercerem a eletro estimulação.