Sabe quando somos crianças (e aqui falo dos meninos) e queremos ser exatamente como o nosso herói de infância?

Já leu 50 Tons de Cinza? Deu vontade de ser igual ao personagem principal?
Amigo... O cara é bonitão, tem uma baita grana e depois de ser apresentado a população comum arrebatou uma verdadeira legião para o meio BDSM...
Aí, mano, tu deve tá querenu ser ingual ao cara, né, não? Confessa, ow!
Mô metedor, manda bem em tudo que faz, tem uma puta submissa puta...
Que que se faria no lugar dele?
Aí, sei não, mas tu, com a grana dele, montaria um plantel da porra, né, não?
Pode falar, maluco! O Richard é o seu ídolo, né? Confessa...
*sorriso*

Brincadeiras de lado eu penso que penso um pensamento pensado, segue:

Não tenho dúvidas que, para a filosofia BDSM, as ajudas que surgem através de reportagens, revistas, sites não correlatos e livros são fundamentais, mas...
Ao mesmo tempo que todos esses canais auxiliam no difundir de uma filosofia única eles, igualmente, facilitam a entrada de pessoas com uma interpretação muito equivocado do meio.
Notem que em 50 Tons de Cinza o Dominador é bonito, rico e totalmente dentro de um padrão muito mais fantasioso que real. Ali a suposta submissa dá troco, se rebela e faz o próprio jogo.

O que temos no meio BDSM está longe dos 50 Tons e muito próximo a um arco-iris. O único senão é que poucos encontram o pote de ouro em seu final. A grande maioria terá, ao final, mil tons de negro. É a verdade.

Então a mídia, que traz muita gente nova, pode ser vista muito mais como um empecilho para o crescimento – e amadurecimento! – do meio que como um bônus em divulgação gratuita.
E explico: Leu 50 Tons? Espero que tenha lido. A história é linda e maravilhosa, fácil de viver, pois o básico (dinheiro, vida comum, compromissos inadiáveis, etc...) não falta na trama.
Ali o que se tem é um relacionamento com uma pegada, digamos, um pouco mais forte.
O BDSM real está muito além do apresentado no livro e é preciso administrar um sem fim de coisas para ser e estar.
O que se vê no livro é uma realidade muito semelhante a apresentada naquele filme onde o cabra paga uma fortuna para comer a mulher do outro e... ao final não come.
É a grana gerando desconforto e pagando qualquer aventura.

Na realidade os equipamentos são caros, os motéis (para quem quer um jogo bem ambientado) são uma fortuna e poucos tem a condição real de montar uma masmorra em casa.
Quer mais!?
Na realidade é preciso administrar sentimentos como ciúmes, possessividade e um sem fim de pirações que só surgem no meio e só quem é do meio sabe como tudo acontece em um liquidificador único.

Você chegou ao meio depois de 50 Tons!? Por favor... De modo algum você não é bem vindo. Pode ser bem vindo sim, somente peço que entenda que a ficção (do livro) não reflete a realidade e sim a surrealidade.
Aqui é personagem principal não tem essas granas todas, bem provavelmente sofre de algum distúrbio mental leve e seguramente tem compromissos outros que o impedirá de levá-la para passear em um iate.
Aqui o membro tem família e ela, seguramente, interferirá (direta ou indiretamente) na sua relação.

É bom? BDSM é ótimo! Desde que você entenda que na realidade não poderá voar...

É o que eu penso.

Szir GanoN

Parlamento de Júpiter