Uma investigação de 2016, realizada no Quebec, concluiu que comportamentos sexuais que são vistos como um desvio da norma são, afinal, mais comuns do que se podia pensar: 35% dos inquiridos mostraram-se interessados em voyeurismo, 26% tinham fetiches e quase 25% gostavam da ideia de encostar os genitais a uma pessoas sem o seu consentimento, resultados que não tiveram diferenças significativas entre homens e mulheres.
O que distingue então um fetiche de uma parafilia e uma parafilia simples de um problema a precisar de tratamento?
Uma investigadora canadiana recorreu a técnicas de captação de imagens do cérebro para tentar compreender as parafilias, definidas como interesses sexuais atípicos. Debra Soh, candidata ao doutoramento em neurociência sexual da Universidade de York, em Toronto, Canadá, considera que a parafilia passa a ser uma perturbação quando dificulta a vida do indivíduo no seu dia a dia ou quando prejudica/magoa o próprio ou os seus parceiros. "Nestes casos, acho mesmo que é preciso tratamento", explica.
A investigadora realça que estudos já mostraram que as parafilias não podem ser modificadas - acompanham o indivíduo desde muito cedo e são imutáveis - mas podem ser geridas através de medicação e terapia.
O voyerismo, o exibicionismo e o fetichismo (atração compulsiva por certas partes do corpo ou por objetos) são algumas das mais comuns, mas a urofilia (interesse sexual em urina) também é "supreendentemente" frequente, de acordo com as entrevistas conduzidas por Soh.
Bem menos vulgares são outras parafilias como a vorarefilia - a fantasia de ser engolido vivo por outra pessoas - e a autonepiofilia - a vontade de ser cuidado como um bebê.
Ainda assim, defende a investigadora, ouvida pelo The Independent, estas preferências sexuais incomuns não são problemas médicos, desde que não prejudiquem o próprio ou os parceiros.