Desejo sexual pelos dois sexos
A partir dos anos 1990, a discussão sobre bissexualidade se intensificou; muitos apostaram nela com o o sexo do futuro. A manchete de capa da revista norte-americana Newsweek de julho de 1995 era: "Bissexualidade: nem homo nem hetero. Uma nova identidade sexual emerge". As estatísticas mostram que a grande maioria já sentiu, de alguma forma, desejo por ambos os sexos. Pesquisas indicam que nos Estados Unidos mais de 40% dos homens casados se envolveram em sexo regular com outros homens.
Na pesquisa feita pelo norte-americano Harry Harlow, mais de 50% das mulheres, numa cena de sexo em grupo, se engajaram em jogos íntimos com o mesmo sexo, contra apenas 1% dos homens. Entretanto, quando o anonimato é garantido, a proporção de homens bisexuais aumenta a um nível quase idêntico.
Para Freud o ser humano é biologicamente bissexual. Nasceríamos com um impulso sexual dirigido tanto para pessoas do sexo oposto como para as do mesmo sexo, e a orientação sexual - homo ou hetero - seria determinada na infância. O pesquisador norte-americano Alfred Kinsey acredita que a homossexualidade e a heterossexualidade exclusivas representam extremos do amplo espectro da sexualidade humana. Para ele, a fluidez dos desejos sexuais faz com que para cada heterossexual exista pelo menos uma pessoa que sinta, em graus variados, desejo pelos dois sexos.
Em 1975, a famosa antropóloga Margareth Mead declarou:
"Acho que chegou o tempo em que devemos reconhecer a bissexualidade como uma forma normal de comportamento humano. É importante mudar atitudes tradicionais em relação à homossexualidade, mas realmente não deveremos conseguir retirar a carapaça de nossas crenças culturais sobre escolha sexual se não admitirmos a capacidade bem documentada (atestada no correr dos tempos) de o ser humano amar pessoas de ambos os sexos".
Três erros comuns impregnaram o pensamento sobre a bissexualidade: que ela significa atração simultânea por homens e mulheres; que ela significa atração igual por homens e mulheres; e que ela significa atividade sexual com homens e mulheres. Essas suposições podem ser verdadeiras para alguns bissexuais, ao passo que para outros, não. Há bissexuais que são atraídos por gêneros diferentes em fases diferentes da vida; atraídos de forma mais forte por um dos sexos; sexualmente ativo com apenas um, ou nenhum, sexo.
Marjoríe Garber, professora da Universidade de Harvard, que elaborou um profundo estudo sobre o tema, compara a afirmação de que os seres humanos são heterossexuais ou homossexuais às crenças de antigamente, como: o mundo é plano, o Sol gira ao redor da Terra. Acreditando que a bissexualidade tem algo fundamental a nos ensine sobre a natureza do erotismo humano, ela sugere que, em vez de hetero, homo, auto, pan e bissexualidade, digamos simplesmente "sexualidade".