Homossexualidade

Desejo sexual por pessoas do mesmo sexo

Os homossexuais ainda são malvistos em quase todas as culturas, e o espaço que conseguiram na vida contemporânea se deve a diligentes esforços de grupos organizados. No Ocidente seu histórico vem da Grécia Clássica, onde a pederastia era aceita e a estimulada entre homens e adolescentes.

Numa espécie de iniciação sexual, os homens estabelecidos, os patronos, tomavam jovens como seus amantes durante o período de seu desenvolvimento.

Tradição interrompida

A Europa não absorveu essas práticas na sua formação. Há registros esparsos de homossexualidade aceita, como em Montenegro, na Iugoslávia. Os sérvios admitiam um juramento entre homens de clãs diferentes que adquiriam irmandade sexual. Havia a cerimônia religiosa que institucionalizava a relação.

Nas Américas

Os indígenas americanos aceitam a homossexualidade, quando um dos parceiros está travestido. Os indígenas brasileiros, como os tupinambás, por exemplo, reconhecem o casamento homossexual entre as mulheres. Os yanomame aceitam a homossexualidade masculina e cultivam o chauvinismo masculino (machismo radical). Ele se manifesta assassinando, em determinadas épocas do ano, bebês do sexo feminino.

Uma história antiga

Os registros sobre homossexualidade na Antigüidade são escassos. Entre os egípcios existem ilustrações de homens praticando penetração anal. Na mitologia religiosa há juízo de valor negativo para aquele que se deixa penetrar. Atum não tem poder sobre mim porque eu copulei entre suas nádegas, diz uma inscrição. O deus Atum teria sido criado por um ato de masturbação divina. Geb, outro deus, é visto em muitas gravuras praticando sexo oral consigo mesmo.

Informações raras: África

Entre os povos africanos há pouca informação sobre os costumes homossexuais. Sabe-se, pelo diário de viajantes, que tal comportamento é normalmente reprimido com a morte. Mas há exceções. Entre os lango, de Uganda, é aceita a opção masculina de viver como mulher. A escolha implica se vestir e agir socialmente como fêmea, inclusive simulando a menstruação.

Os nyakyusa permitem a homossexualidade masculina na adolescência, na qual é considerada parte da formação. Entre os fang acredita-se que a homossexualidade cause lepra. Mas esse mesmo grupo crê que um homem rico possa passar espiritualmente sua riqueza a outro durante a penetração anal. Os pigmeus aceitam o lesbianismo e até possuem uma palavra para defini-lo: Dora bopa.

Sob as vistas de Alá

O Alcorão não pune explicitamente a homossexualidade, mas os costumes do povo tratam de forma diferente a atuação passiva e ativa. É vergonhoso deixar-se penetrar, mas não há problema em ser o penetrador. Na Turquia os meninos duelam verbalmente para que alguém confesse a postura passiva. Os tuaregues, tribo nativa do deserto do Saara, praticam a pederastia e a transformam em prostituição para clientes estrangeiros.

No Marrocos também foi observada a comercialização do sexo entre meninos e adultos estrangeiros. No Kwait, a homossexualidade feminina é aceita desde que a parte ativa seja realizada por uma negra. Oman, na costa leste da África, aceita os travestis e a prostituição destes. Os mossi, do Alto Volta, dormem com os meninos serventes na sexta-feira, dia em que o Islã proíbe o sexo com as esposas.

O Extremo Oriente

Os chineses associavam a homossexualidade à corte e aos atores. O imperador Aidi, último da dinasitia Han (século VI a.C. ao século II), teve caso com um menino. Esse acontecimento marcou a história da homossexualidade na China. Como as peças teatrais não utilizam mulheres, também há aí uma associação direta com travestismo e pederastia. Os monges carregam a fama de homossexuais. O governo comunista reprimiu qualquer forma de sexualidade não-ortodoxa e fica muito difícil saber, no que diz respeito ao assunto, o que se passa entre o bilhão e meio de habitantes.

Pesquisas no pós-guerra, junto ao público universitário, indicam que apenas 7% dos japoneses homens e 4% das mulheres tiveram alguma experiência homossexual.

Mares do sul

A homossexualidade masculina é condenada entre os ilhéus da Oceania, mas a feminina é tolerada e aceita. Em Samoa, o sexo entre jovens não é reprimido, e as moças podem amar outras mulheres antes do casamento. Essas atividades libidinosas são consideradas jogos sem importância. Os polinésios de antigamente praticavam a cópula pública durante rituais. O que sobrou dessa tradição foi o hábito do travestismo e da homossexualidade. Ainda entre os marquesinos, tonguenses, taitianos e samoanos encontra-se o travestismo homossexual.

 Na Melanésia e Nova Guiné a pederastia está associada ao fato de o sangue menstrual ser considerado perigoso, tabu. Grupos como os étoros levam essa questão do tabu menstrual muito a sério e durante um terço do ano não praticam sexo heterossexual. Entre os marihn-amin a preferência cultural pela homossexualidade chega a tal ponto que a taxa de natalidade se torna baixa e eles são forçados a seqüestrar crianças de outras tribos para criar como seus. Em todas essas sociedades pederastas, a condição se inicia como passiva na juventude e evolui até a ativa na idade maior.

Numa sociedade melanésia conhecida como baía leste, predomina, abertamente, a bissexualidade. Todos experimentam ambas as formas de relação.

Intolerância islâmica

O Irã considera a homossexualidade crime passível de pena capital. Em 2005, dois jovens foram enforcados por manterem relação amorosa. Um deles tinha 18 anos e o outro era menor de idade. A execução aconteceu na praça da Justiça, da cidade Mashhad, nordeste do Irã.

Os dois adolescentes admitiram ter mantido relações sexuais quando o mais velho tinha 16 anos, mas pediram clemência, alegando que essa é uma prática comum entre jovens e que eles desconheciam a punição. Antes de cumprida a pena principal, os acusados receberam 228 chibatadas cada um.

Rohollah Rezazadeh, advogado do garoto mais novo, apelou dizendo que seu cliente era muito jovem para ser executado. A Suprema Corte do Irã, porém, rejeitou esse argumento.

No Ocidente

A situação dos homossexuais no Ocidente, tanto masculinos quanto femininos, oscila da aceitação por uma parcela pequena da população até o repúdio e o preconceito disfarçado da maioria das pessoas.

A organização das minorias tornou a situação um pouco mais tolerável para quem é homossexual. No Brasil, nas capitais de maior população, existem serviços de atendimento, como o Disque Defesa Homossexual (DDH), serviço da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, que apura denúncias contra gays, lésbicas e travestis. O DDH recebeu, de julho de 1999 a janeiro de 2005,163 denúncias, uma média de 27 por mês.

Cerca de 32% dos casos ocorreram em locais públicos e partiram de pessoas sem relação com a vítima. São maus-tratos, na maioria dos casos, em estabelecimentos comerciais. Logo depois, com 31%, vêm os casos de preconceito de familiares ou vizinhos.

As mulheres que andam de mãos dadas na rua são pressionadas por olhares maliciosos ou expressões de censura. Os homens recebem o mesmo tratamento, mas de forma mais opressiva. O preconceito se manifesta de maneira mais forte e, como atestam as pesquisas, é comum a violência.