“Gosto de gente que se entrega”... De gente que não foge... De gente que exagera na vontade de amar... E ama exageradamente, ainda que doa de vez em quando... Gosto dos que fazem sorrir, ainda que para isso, cometam algumas insanidades.... Dos que lutam até o fim, porque acreditam nos sonhos, ainda que algumas vezes tenham que abandoná-los no meio do caminho.

Gosto dos que sonham.... Dos que sentem a vida e acreditam nela, ainda que por falta de piedade, ela faça doer os ossos e a alma de vez em quando... Gosto dos que vivem sem medo, ainda que saibam o quanto é incerto o nosso  destino... Gosto daqueles que são, muito mais do que daqueles que têm.

É melhor ser tudo... Ser muito, ou não ser nada, e entornar o pote de paciência, pelo menos uma vez, quando ele transborda, do que ter tanto... Ter tudo, e ter um eterno vazio, vivendo e se enchendo com aquilo que sobra nos outros e lhe falta na alma... Reverencio os verdadeiros.

Risco da minha vida os que mentem... Fecho os olhos para não olhar para os que fingem... Gosto dos que amam de verdade... Gosto da objetividade no amor e da prolixidade na descrição dos seus detalhes.

Gosto de entender as complexidades do mundo e criar a simplicidade nas relações... Me desespero fácil, ainda que restabeleça a tranquilidade logo no primeiro suspiro.

Pessoas, algumas vezes me assustam, mas a maioria delas me encanta... Não tenho medo dos que sentem... Tenho medo dos que não  sentem, e do que eles são capazes de fazer por conta disso.

Eu gosto de exageros e sei que ás vezes eu exagero multoooo... Exagero na dose... Exagero no grito... Exagero na palavra, porque tenho o verbo solto... A língua afiada e o sarcasmo na ponta.

Mas meu riso é farto, o olhar sincero e o coração totalmente desarmado....Carrego na alma a ânsia de quem quer viver a vida toda em um só segundo... E descobri a duras penas que ansiedade não mata, e só dói quando não é aceita como uma peculiaridade da nossa própria personalidade.

Sim, sou exageradamente ansiosa, mas e daí?.. Não morro por exagerar na intensidade e o que excede em mim, são os limites da vontade de viver...

Eu gosto mesmo é dos que sonham em excesso... E se vestem de coragem, cada vez que são obrigados a esquecer os sonhos no fundo da gaveta, para viver a realidade que a vida pede.

É por isso que eu gosto dos que têm esperança em forma de fé.... Dos que sabem o peso que carrega uma renúncia, quando é preciso esfriar o sangue quente que corre nas velas... Dos que sabem que confiança e vontade são os que ressuscitam desejos soterrados.

E mãos habilidosas são aquelas que desatam os próprios nós... Dos que sabem que fortes são aqueles que reconhecem as suas fragilidades... E corajosos são aqueles que sabem  recuar, quando sufocados de tanto excesso, desistem de engolir o choro; de dar sucessivos nós na garganta, quando abrem bem os olhos para evitar que uma lágrima teimosa e distraída caia: e choram suas dores infindáveis, porque entendem que chorar faz parte da vida e se perdoar pelas próprias mazelas é reconhecer seus próprios limites.

Gosto dos que sabem levantar  quando caem, porque compreendem que de vez em quando a gente pode despencar e cair no chão dos desiludidos, mas só permanece na vida e se ergue de novo aquele que sabe voar... E quem voa se entrega ao vento, ainda que não saiba aonde vai chegar, mas ainda assim se entrega.

E é por isso que eu gosto de gente que se entrega... De gente que não foge... Gente que exagera na vontade de amar... E ama exageradamente, ainda que doa de vez em quando.

“Sou sempre mais que eu... Sou duas, três ou cem.... Eu sou plural... Vento, tempestade, bonança e calmaria... Sou flor e seus espinhos... Dimensão e volume... Eu sou esfera... Não tenho ponto de partida ou destino definido... Talvez eu seja até o infinito.. “ ((Sandra Amelie))

Cris_VERDUGO