Olá meus amados Dark’s... Eu aqui do meu camarote estou sempre atenta à nossa casa e isso me permite chegar a muitas conclusões depois de observar o que acontece aqui dentro.
Com alguns textos eu vibro... Com outros eu comemoro... Com alguns me entristeço e com outros às vezes fico indignada.
Eu acompanho a legião de praticantes e vejo que muitos mal sabem o que é BDSM ou o que o BDSM representa na vida daqueles que optaram por essa Filosofia de vida.
É deprimente o desconhecimento parcial ou algumas vezes total que os praticantes possuem de nossa liturgia e se negam a mergulhar no aprendizado, propagando e descaracterizando as raízes do BDSM.
Eu sempre pontuo que BDSM é para poucos e raros... Sempre digo que BDSM não é lugar para gente preguiçosa e hoje vou mais além... BDSM também não é lugar para gente ignorante!
Para uma pessoa se dizer praticante ela precisa ter bagagem intelectual do BDSM, aprender seus dogmas e liturgias, ter conhecimento teórico, senão de todas pelo menos das técnicas que aprecia e por ultimo e não menos importante, o conhecimento prático.
Recentemente se falou muito sobre fotos de órgãos genitais em perfis e galerias... Muito se falou sobre dominadores (sic) que colocam fotos do pau no avatar e também sobre aqueles que enviam fotos de cacete, pênis, caralho ou dote para as submissas como forma de apresentação.
Dissequemos tudo isso:
Dominante real não usa pênis como apresentação, isso tem outra conotação, é um cartão de visitas para suruba, sexo ou qualquer outra libertinagem derivada de “Fifty Shades of Grey”, pode ser erótico, sensual, escroto, vulgar ou qualquer adjetivo que se queira dar, mas não é postura de um Dominante que leva o BDSM a sério... São indivíduos com total desconhecimento do universo sadomasoquista e suas liturgias... O julgamento que faço não é no sentido do caráter, foco apenas a postura daquele que se propõe a conduzir.
Nudez explícita como apresentação faz parte do universo submisso... Está ligada diretamente a maneira como ao longo da história os escravos eram apresentados aos Donos, Senhores ou conquistadores... A nudez tinha uma conotação voltada para a humilhação, uma forma de degradar quem se encontrava na situação submissa.
Então como diria Jack, o estripador... Vamos por partes...rsss
Para vocês entenderem a origem da inspeção no BDSM é preciso retroceder no tempo... Desde a época da antiguidade sempre foi hábito vender escravos em mercados, feiras ou ruas... Aqueles homens e mulheres nus eram mercadorias, estavam ali para serem inspecionados antes da aquisição, desde os pés até os cabelos.
A inspeção poderia ser mais ou menos rígida, dependendo da finalidade da peça, para trabalhos braçais, serviços domésticos ou sexuais... Inspecionavam além do físico, cabeça e dentes, seus órgãos genitais.
Haviam leilões públicos de lotes de escravos, e seus preços variavam conforme a demanda ou a caracterização do grupo – homens e mulheres fortes valiam mais do que crianças ou idosos.
Vamos rever um modelo de escravidão mais próximo da nossa realidade, a escravidão africana.
Originária do século XV, os portugueses também conquistaram a costa africana... Com o apoio de alguns chefes tribais, deram início à captura de homens e mulheres para o trabalho escravo... Esse comércio era feito na forma de escambo – pessoas em troca de armas, pólvora, tecidos, espelhos, aguardente e fumo.
A escravidão negra também foi adotada na colonização de outros países, entre eles os da região do Caribe e dos Estados Unidos e do Brasil.
Por que trazer os escravos da África?
A boa experiência com o trabalho africano na produção de açúcar em São Tomé e na Ilha da Madeira, outras possessões portuguesas, fez com que os senhores de engenho do Brasil pressionassem a vinda de escravos negros para suas fazendas.
As longas viagens, a mistura das tribos, as distâncias dentro do próprio território e o temor dos constantes maus-tratos contribuíram para subjugar os negros ao trabalho forçado... Os lucros com o tráfico negreiro faziam parte do sistema mercantilista com o qual Portugal enriquecia.
A captura de negros no interior da África era feita pelos chamados pombeiros, que voltavam de cada investida com centenas de escravos... No litoral, os prisioneiros eram separados em grupos indistintos e embarcados em diversos navios negreiros, também chamados de 'tumbeiros', com destinos diferentes.
A viagem de Angola a Pernambuco durava no mínimo 35 dias... Os negros vinham acorrentados em porões superlotados, úmidos e com pouca ventilação... Pelo menos 40% deles morriam durante o trajeto... As condições eram tão desumanas que, em 1684, Portugal baixou uma instrução criando condições mínimas para essas travessias... A lei definia certa quantidade de água para cada pessoa e três refeições diárias.
Ao desembarcarem no Brasil, os negros eram reunidos em grandes galpões... Era preciso melhorar sua aparência física antes de serem vendidos: recebiam alimentação especial para recuperar o peso perdido durante a viagem.
Para ficarem mais vistosos, seus corpos eram besuntados com óleo de palma, e suas gengivas e dentes eram esfregados com raízes cítricas... Tinham as cabeças raspadas e eram marcados com um ferro em brasa no ombro, na coxa ou no peito.
Em especial eram realizadas degradantes inspeções nas negras recém-desembarcadas da África... Inspecionavam além do físico, cabeça e dentes, seus órgãos genitais... Muitos coronéis usavam as escravas sexualmente... Com as escravas faziam um sexo bruto e violento, diferente do realizado com suas adoráveis esposas... Também as obrigavam a chupa-los até que eles gozassem em suas bocas, rostos e seios e com isso demarcavam seu território isolando-as ao acesso de outros escravos sexualmente potentes e viris.
A maneira como os escravos eram objetificados sempre foi semelhante em todas as eras e povos, os procedimentos praticamente se repetiam.
Baseado nesse comportamento histórico dos conceitos de escravidão, foram transferidos e adaptados ao BDSM contemporâneo muitas das características comuns e aí incluímos a “inspeção”.
Toda a prática em BDSM tem um porque e uma explicação e é preciso muita dedicação, amor, disciplina e principalmente uma essência inata nos praticantes para buscar e entender esses princípios primais.
Quando o BDSM adentrou as terras tupiniquins, poucas pessoas tinham acesso a informações... Tínhamos que nos contentar com fotos de sessões, revistas e filmes que vinham de fora... Bem como um site ou outro internacional e o idioma dificultava a interação e o entendimento de liturgias e práticas.
Naqueles tempos embrionários da década de 80/90, toda a forma de comunicação no Brasil se dava através de caixa postal nos correios, revistas como a Internacional, Ele e Ela e Fiesta eram os principais veículos de interação... Publicava-se o anúncio e correspondia-se pelas caixas postais.
Ferramentas como vídeo texto, BBS e finalmente a internet passaram a alavancar o meio.
O nascimento do Bar temático Valhala em São Paulo começou a formar grupos que antes só se encontravam em restaurantes com seus munchies.
Mais tarde surgiu o Clube Dominna que por muito tempo foi o polarizador do BDSM promovendo encontros, play parties e reuniões com a nata do sadomasoquismo... Também merece menção o Clube Liebens, um dos últimos locais de encontro do grupo SoMos.
E assim começou a ter formato a cara do BDSM Nacional.
Nas plays Dominantes exibiam suas peças e passavam seu conhecimento, aprendido e repassado ali, naquele ambiente informal... Existiram inesquecíveis leilões promovidos pela Rainha T@R@, que remetiam a esse ambiente descrito.
O ambiente litúrgico contribuía para a formação dos que chegavam ávidos de conhecimento... Essa cultura litúrgica vinda do Valhala, de Mistress Bárbara Reine teve sua continuidade no Clube Dominna.
BDSM se faz preferencialmente em grupo, em plays... São esses encontros que permitem o crescimento de todos, quando se vê outros Mestres em ação com suas peças, tira-se daí todo o aprendizado, é a confraternização de uma irmandade... É onde se trocam as experiências e liturgia, que tornam o BDSM sublime, diferenciando-o de relações meramente sexuais ou eróticas.
Existem dentro desse quadro ritos diversos, que variam conforme a corrente seguida por cada Mestre, sejam em plays ou sessões.
Infelizmente essas casas fecharam e essas práticas passaram a existir publicamente em alguns eventos e locais comerciais onde tudo tem apenas uma conotação de apresentação ou simplesmente uma encenação leve do que é de fato uma sessão BDSM.
Com a quantidade imensa de neófitos chegando e a ausência de modelos reais a serem seguidos, muitas práticas foram deturpadas, por exemplo, o sentido da inspeção.
Mas o que seria a inspeção no BDSM?
Inspeção é o ato de remeter ao passado os ritos da compra de um escravo... É o momento em que o Mestre analisa cuidadosamente todas as partes íntimas de sua escrava, seu asseio, higiene, depilação ou meramente um instrumento de humilhação e poder...Normalmente a consumação desse ato envolve negociação, confiança e consensualidade.
Infelizmente vemos hoje uma pressa desmedida que geralmente está mais focada em ter acesso à sexualidade do outro do que seguir um protocolo ritualístico.
Quando se conhece um Dominante e há a empatia, começam as conversas e inicia-se a negociação... A negociação é um período para discutir todos os desejos, fantasias e fetiches das partes envolvidas... Findada a negociação, supõe-se que o casal comece a realizar suas sessões e comecem a praticar de fato, suas loucas fantasias.
Em BDSM tudo é conversado, negociado e todas as praticas são consensuais... Antes de uma sessão ou play, o Dominante dirá para sua peça como ele quer que ela se apresente a ele antes de uma sessão ou publicamente.
Pois bem, o Dominante pode apreciar couro, látex, lingerie, saltos altos, meias, luvas, mascaras e mais uma gama incalculável de fetiches... E é óbvio que precisa haver a compatibilidade entre ambos... Os dois precisam gostar e apreciar os mesmos fetiches, desejos, sonhos e fantasias.
Como previamente combinado ela sabe das preferências de seu DONO e sabe de suas orientações.
Portanto antes de iniciar uma sessão a peça se prepara e se se coloca pronta para a inspeção.
O 1º comando da inspeção é a peça em pé com as pernas afastadas além dos ombros, mão entrelaçadas na nuca e cotovelos voltados para os lados.
Nesse momento seu Dominante examina-a fria e duramente... Toca com mãos profissionais sua peça e verifica se as primeiras instruções foram cumpridas.
Satisfeito o Dominante manda que a peça se apresente para a segunda etapa da inspeção... De quatro, geralmente num móvel já determinado pelo DONO... Dessa forma a peça fica elevada e exposta ao minucioso olhar do Dono.
O Dominante verifica as roupas, acessórios, olhos, orelhas, boca, dentes, garganta, braços, mãos, pés, unhas (se o Dominante exige determinada cor de esmalte) e detalhes com os órgãos genitais... Depilação vaginal e anal, completa ou não... Depilação ou não das axilas... Se a peça tomou banho ou não como suas recomendações... Alguns Dominantes são atraídos pelo cheiro natural de suas peças e é item de contrato que algumas não tomem banho no dia e nem antes das sessões... O cheiro natural de suas peças é afrodisíaco para alguns Dominantes.
Findado o segundo comando, a peça se apresenta para a terceira e ultima etapa da inspeção.
Deitada de barriga para cima ela abre as pernas, eleva os braços e cruza as mãos atrás de sua nuca, ficando completamente exposta aos olhos frios e penetrantes de seu DONO.
Nessa etapa o Dominante examina atentamente com os dedos, nariz, língua as partes íntimas de sua escrava... Examina atentamente os grandes lábios, os pequenos lábios, clitóris... O Dominante também pode usar aparelhos como um espéculo para examinar detalhadamente a vagina e o colo uterino, bem como o anus.
Muitos ignoram, mas essa prática é deveras prazerosa para o Dominante... Ele avalia se suas ordens foram cumpridas e inspeciona sua peça por todos os ângulos e níveis, pois quando você atinge esse estagio de entrega seu corpo não lhe pertence mais.
É sabido que todo Dominante sente muito orgulho de suas peças e gostam de eternizar os momentos em que estão em cena... Portanto é absolutamente comum (mas não obrigatório) que a maioria fotografe ou filme os estágios da inspeção... Cada detalhe é registrado... Cada pose e cada parte do corpo inspecionada.
É natural que o Dominante se sinta extremamente excitado com essa inspeção... É o misto de orgulho por sua peça ter cumprido à risca todas suas ordens, é a excitação de se sentir de fato DONO da peça que está ali exposta e entregue a ele, a seus desejos e fantasias... É o orgulho de saber que realmente possui uma peça cuja entrega é absoluta.
Seu membro nessa hora deve estar duro, forte e pulsante... Natural que o Dominante também se fotografe e depois exiba o ‘mimo’ para sua posse... Para que ela também sinta orgulho em saber que causa tamanha excitação e desejo em seu DONO.
Uma coisa deve ficar muito clara, ninguém é mais ou menos Dominante por expor sua escrava publicamente... Isso vai do desejo de cada um, há quem goste dessa exposição, seja por exibicionismo ou por punição... Há quem tenha pudores e não se sinta confortável... Esse ato ou a ausência dele não interfere no respeito devido a um Dominante.
Aonde quero chegar?...
Pois bem, como eu disse no inicio, o material que chegava em nossas mãos vinha de fora e nem sempre as pessoas compreendiam os detalhes das inspeções e sequer imaginavam o que se dizia nos textos, uma vez que sua edição era em inglês, japonês, sueco, alemão... Etc.
Muitos desses praticantes estrangeiros também eram exibicionistas e começaram a divulgar tais fotos em seus álbuns e mais tarde, nos perfis das redes sociais.
Dessa forma os praticantes aqui se atentavam para as imagens tomando-as como modelo... Apreciavam as fotos, mas não entendiam todo o significado dessa prática.
Baseando-se nesse comportamento, esses indivíduos passaram a acreditar que toda submissa tinha por obrigação passar por esse processo de inspeção logo na apresentação, exatamente como vemos hoje, após meia dúzia de palavras trocadas, o tal dominador (sic) quer fotos ginecológicas ou exposição explícita na frente da cam.
As tais fotos são colocadas por esses ignorantes litúrgicos como disposição ou não de uma entrega de fato... E olha que estou apenas me atendo aos ignorantes litúrgicos, não me refiro aos oportunistas que veem nessa situação uma oportunidade de colecionar fotos e vídeos íntimos com fins masturbatórios ou de chantagem.
Agora que entendemos o sentido da nudez explicita, vamos voltar ao centro da questão, a equivocada atitude daqueles que confundem o BDSM com libertinagem.
Voltemos os nossos olhos para os pseudos-dominadores que acreditam que seu pênis ereto no avatar representa a virilidade dos deuses... Não basta se dizerem machos e potentes, precisam provar com as fotos tal afirmação...rss
Dominantes reais não se vendem como animais reprodutores, isso definitivamente não tem relação com Dominação e submissão.
BDSM está num plano infinitamente maior que isto... Nós praticamos o sadomasoquismo erótico que é muito diferente do erotismo apimentado.
Esse comportamento é próprio dos paraquedistas que conheceram o BDSM em sites pornográficos e creem piamente que submissas não passam de prostitutas lascivas prontas para o coito ao olharem um pênis, tal qual as atrizes pornôs que deram-lhes a falsa ideia do que seja o BDSM.
Algumas pessoas afirmam que ignorância é uma benção... Eu afirmo que ignorância é uma benção quando uma pessoa não sabendo ser impossível fazer algo, vai lá e faz!... De qualquer outra forma ou em qualquer outro âmbito ou estagio a ignorância uma maldição... A ignorância é o mal do mundo e de toda a humanidade... Ignorar não muda, nem melhora nada.
Eu entendo que a ignorância, no sentido mais amplo de falta de consciência é uma maldição... Ter consciência de si, dos outros, do mundo, é a base da felicidade... O inconsciente, o ignorante, não é feliz... Ele apenas ignora o quanto ele está deixando de aproveitar a bênção que á a vida de quem se interessa em aprender.
E a maioria dos que se intitulam dominadores (sic) atualmente são totalmente leigos nas práticas que os atrai, desconhecendo as raízes do que pretendem vivenciar... Eles fazem porque viram alguém fazendo em algum lugar... Mas não sabem a razão do por que tal prática é realizada de determinada forma.
É muito simples fazer um cadastro numa rede social e colocar o status de dominador ou submisso.
É necessário ir atrás e tentar entender porque você possui esses desejos considerados ‘anormais’ pela nossa sociedade.
É preciso ir às bibliotecas e sebos espalhados por esse imenso Brasil e buscar a rara literatura BDSM ou que contenha nuances que remetam ao verdadeiro BDSM.
Por favor, não usem os 50 tons de cinza como referência, ele não passa de um romancezinho descompromissado com nossa cultura sadomasoquista.
Meus amores, a situação de nossos Dominantes precisa mudar... É preciso crescer e evoluir sempre... A ausência do conhecimento é a morte do BDSM... Não adianta pedir um livrinho de auto-ajuda e achar que dessa forma vai virar TOP... BDSM é muito maior que isso, é mais que um estilo de vida, é a alma exposta do praticante... Pelo menos é o que deveria ser.
Muitas vezes um Dominante que curte D/s se diz expert em adestramento e disciplina... Como posso confiar se a pessoa não aprendeu o mínimo necessário sobre comportamento humano?
Como posso disciplinar alguém se não tenho uma base sólida dos exercícios aplicados nesse caso?... Isso sem falar nas tarefas... Como posso passar tarefas e exercícios de aprimoramento a um submisso se desconheço as técnicas aplicadas?
Como posso me considerar um mestre no Shibari se desconheço a anatomia do corpo humano? ... No shibari os nós e amarrações tem um endereço certo e preciso... São pontos de nossa anatomia que devem ser estimulados... Também existe um tempo limite para que a peça fique amarrada sem que isso afete sua circulação sanguínea e forme coágulos.
Vejo dominadores (sic) se apresentarem como sádico light... OMG! Isso é uma heresia... Não existe uma pessoa ‘meio’ sádica... Ou se é sádico, ou não!
O sádico precisa conhecer técnicas de medicina se pretende viver o sadomasoquismo em comunidade... Precisa ler muito para conseguir entender quando e como evitar colocar a vida de alguém em risco.
O sádico que aprecia o cutting precisa saber operar um bisturi com precisão cirúrgica... Há de se ter muita habilidade com o bisturi, mão firme e precisão... Qualquer desvio da lâmina durante uma cena pode ser fatal, por isso você vai ter que treinar muito antes de estar habilitado a jogar com outra pessoa.
Precisa conhecer anatomia para usar em seus cortes... Com cortes profundos ele terá sangue da cor vinho... Cortes medianos ele terá o sangue vermelho vivo... Cortes superficiais ele terá o vermelho róseo e leves pontilhados na pele formarão as deliciosas gotinhas de sangue para deleite.
Os mesmos cuidados e treinamentos valem da mesma forma para o sádico que aprecia a escarificação e o branding... Existem técnicas para esses procedimentos e antes de serem executadas em peles humanas precisam ser treinadas em pele animal, principalmente o branding... A marca perfeita vai depender do tanto de força que se coloca na mão e nos preciosos segundos que o ferro toca a derme humana... Sem contar os cuidados posteriores para que não ocorram infecções.
Todo Dominante precisa ser um pouco psicólogo e entender como funciona a mente de seu par... Hoje eu recebo conversas em meu inbox de dominadores (sic) que se apresentam aos submissos como especialistas em Dominação psicológica... Eu leio isso e minha alma sangra... Sinto vergonha alheia por essas pessoas.
Dominação psicológica só ocorre quando você conhece detalhadamente sua peça... Quando você consegue antecipar a ação, o que será dito, o que sua peça está sentindo ou tentando explicar.
Dominação psicológica só se consegue com a convivência e com a intimidade do casal no dia a dia.
Eu leio diariamente em meu reservado dominadores (sic) se dizendo expert’s em humilhação e exigem em cinco minutos de conversa que os submissos saiam do chat e se apresentem nas lentes do Skype para que sejam usados.
Usados?! Virtualmente?! É uma heresia total... A menos que isso faça parte da fantasia do submisso, pois caso contrário, deve-se enxotar esse falso dominador inescrupuloso, sem pudores.
E os submissos ingênuos vão para lá e abrem suas cam’s... E durante meia hora ou mais são ‘obrigados’ a ficar nus e a se exporem das formas mais explícitas possíveis... São inspecionados eletronicamente... Mostram as partes íntimas e se tocam para o deleite de um pervertido do outro lado da câmera (que via de regra está capturando e salvando essas imagens em seu computador)... Fazem isso com o argumento de que querem uma prova de submissão de um ser que conheceram há meia hora... É muita ingenuidade alguém expor-se a um individuo que mal acabou de conhecer.
Após os minutos de diversão virtual o pervertido goza, fecha a cam e sai em busca da próxima vítima... A presa anterior é largada como um pedaço de carne qualquer que não serve mais pra nada e ainda corre atrás desse ser repugnante, crentes que as palavras ou promessas de coleira anteriormente dadas após meia dúzia de palavras serão respeitadas.
Eu me admiro como um submisso acredita e se submete a isso... Eu juro que não consigo entender... A submissão no universo BDSM é sublime... É sagrada.
O que acontece com nossos submissos que não se valorizam? ... Meu Deus, criaturas... Ajam aqui como vocês agiriam no universo baunilha... Vocês tiram a roupa e se abrem e se tocam para qualquer estranho que conhecem no face, se acaso ele pedir?
Vocês tiram fotos em poses ginecológicas para qualquer idiota que lhe aborda no Twiter?
Aqui nesse Universo as regras são as mesmas... Só vá para cam com uma pessoa que você tem absoluta confiança... Só se mostre na cam quando vocês estiverem convictos e sabedores de todas as implicâncias que esse ato poderá acarretar futuramente na sua vida pessoal e profissional.
Não se iludam, confiança se conquista com tempo... E o tempo a que me refiro são dias, semanas ou meses... Não minutos.
Só mande fotos com poses ginecológicas para seu DONO quando você estiver num relacionamento sólido com ele... Quando você souber da vida dele o tanto que ele sabe da sua.
Valha-se de indícios que denunciam o pseudo-dominador... Um dominador sério jamais usará um pau no avatar, jamais usará um nick que sugira relacionamento sexual.
Faz mais de vinte anos que frequento essas redes sociais... E é sabido, público e notório que eu amo fotos de pau, cacete, caralho, penis, pi’s e afins... Esse é um fetiche muito forte em mim.
Eu posso passar horas analisando fotos de Pi’s... Amo a cor rosinha... Amo a cabeça redondinha e convidativa... Macia e sadia... Amo observar as veias que se formam quando o membro está ereto... Amo sentir o cheiro, o sabor... Amo... Amo de paixão.
Mas isso é meu fetiche, a admiração do objeto... Eu admirar o objeto, no caso pênis, pau ou o que quer que se denomine, em hipótese alguma significa que eu deseje me relacionar com essas pessoas.
Se eu receber a foto de um pau como apresentação do ‘dote’, automaticamente, o nome do dominador (sic) é riscado do meu caderninho, porque a foto é a comprovação do atestado de burrice assinado, comprovado e registrado em cartório.
Diz-me: Como eu poderia respeitar um cara que se auto-intutula dominador (sic) que sequer sabe a origem de se ‘ofertar’ uma foto do membro ereto?... Hum?
Como eu, uma pessoa que me considero culta, vou me render aos pés de alguém (supondo que estivesse disponível) que não conhece nossas práticas?
Como eu, uma pessoa sensata, vou colocar minha vida nas mãos de um alguém que não sabe nem onde está o próprio nariz, hum?
‘PeloamordeDeus’ submissos acordem!... Dominantes Acordem!... E principalmente estudem... Busquem conhecimento... Quem tem o conhecimento tem o poder!
90% dessas pessoas que se auto intitulam dominadores (sic) só querem sexo fácil... Usam de artifícios para lhe levar pra cam e gozar com sua imagem e fotos.
O sexo no BDSM é difícil... O sexo em BDSM é hard... O sexo em BDSM é consequência e não regra... O sexo em BDSM acontece no final da sessão como a cereja no bolo... O sexo no BDSM é o ‘creme de La creme’... A sessão funciona como as preliminares... E é coroado com o sexo forte, violento e bruto.
É coroado quando o Dominante totalmente possuído pela excitação da cena te pega pelos cabelos, te joga na cama ou no chão e te penetra sem piedade... Quando ele te pega de quatro e te puxa pra ele e te possui com força... Destreza, desejo e tesão ocasionados pela sessão deliciosa que ele teve contigo que foi real e durou horas.
O momento mágico do BDSM é quando o Dominante goza na sua posse... Goza na boca, na face, nos seios... Nessa hora é o sentido de pertença tomando proporções gigantescas... Enquanto seu Dominante esta gozando em você, ele está dizendo... Você é MINHA... MINHA posse... MINHA escrava e eu te uso de todos os jeitos possíveis e imagináveis... Você é minha e eu te USO para meu prazer... É a marcação do território.
O contrario também é verdadeiro... O sexo é o prêmio para o submisso... Na hora que é tomado por seu DONO o submisso se sente pleno... Poderoso sim... Porque consegue fazer com que seu DONO se excite ao ponto de tomá-lo ali no chão... Na cama... No dossel ou em qualquer lugar... O submisso é contemplado com um gozo delicioso porque pertence... Porque seu DONO goza com ele as Cataratas do Niágara.
E nessa hora quando o Dominante goza no submisso ele se sente especial e bebe, se esfrega e se deleita na porra... Porque o gozo do seu Dominante é o prêmio... É a certificação que o submisso é especial... O submisso também goza e muito e em agradecimento desce aos pés de seu Dominante e os beija... Em profunda adoração e nessa hora ele diz: Me usa... Me abusa... Faz de mim e de meu corpo o que quiseres... Sou SUA posse.
Aprendam de uma vez por todas amados Darks, tudo deve se complementar no BDSM... Você e seu corpo são usados para a comunhão... Para coroar um momento sublime e não para você ser usado por meia hora numa sala de bate papo e em seguida jogado fora como uma peça descartável.
Se valorizem... Se deem o devido valor aqui dentro... Se armem com conhecimento... Porque nesse universo o conhecimento ainda é a maior arma.
Existe uma linha tênue que separa a atitude baunilha da atitude BDSMista e é esse comportamento libertino e descompromissado que remete a sexo fácil que não queremos por aqui.
Não estamos preocupados com críticas de usuários descontentes com nossas regras e políticas, nosso trabalho é voluntário e em prol de um BDSM de qualidade... Não vivemos do BDSM, portanto, podemos nos dar ao luxo de mantermos alto nível em nossa casa.
Sabemos da existência daqueles queixosos que estão acostumados a outro tipo de ambiente em que vale-tudo, mas a estes temos uma péssima notícia: Nada vai mudar em nossas diretrizes... Sabemos o que queremos e para onde vamos... Diariamente estamos separando o joio do trigo e absolutamente felizes com a farta colheita... É uma seleção natural e profilática, necessária para que o ambiente se mantenha saudável.
Temos muito trabalho pela frente, mas disposição não falta... Nem a mim e muito menos a minha equipe, cuja dedicação salta aos olhos.
Eu e o V reunimos uma equipe que se propôs a ajudar quem está tendo a oportunidade de entrar nesse maravilhoso underground... Nosso critério de escolha não foi jurássico, pelo contrário, optamos por pessoas dispostas a receber de braços abertos os seus iguais.
Ainda existem notas dissonantes entre nós que não assimilaram o espirito de unidade fraterno do Portal e a estes eu digo o seguinte: Acertem o passo da dança, porque é assim que a banda toca... Ou certamente perderão o baile.
Beijos amados Dark’s e boas praticas!
((Texto escrito por Kinky_Cris – Revisado e editado por SENHOR VERDUGO))