No meu modo de ver, tudo é muito relativo. É preciso que se entenda antes qual é o propósito da nudez. Encantar aos espectadores ou os envolvidos no ato?
Se o jogo for para a platéia, essa crítica tem algum fundamento, mas se para você a platéia não passa de um mero instrumento coadjuvante (como no meu caso), isso é irrelevante. Minha escrava em sessões está sempre nua, é assim que gosto e assim será enquanto me pertencer. O erotismo contido na cena só tem importância aos meus olhos, é a mim que ele deve encantar e a questão exibicionista está dentro de um contexto que me dá prazer e conseqüentemente a ela. Deixo claro que não existe aqui qualquer preocupação se essa exibição demasiada excita ou constrange quem observa. Essa é uma questão secundária.
Os olhares voyeurs são figuras decorativas dentro desse cenário. O que torna alguém interessante em minha opinião é a fantasia e o desejo despertado que não necessariamente vem da ausência ou presença de roupa. A nudez é subjetiva nesse contexto porque quando existe correspondência entre DONO e escrava, até mesmo um gesto tem conotação erótica.
Do ponto de vista do espectador, é compreensível que tal excesso incomode ou não lhe desperte erotismo. Mas isso não é um show onde se paga ingresso com direito a reclamação.
Quem participa de uma cena SM pode retirar-se a qualquer momento se o que observa não lhe seduz ou se a posição de coadjuvante lhe desagrada. O que não é aceitável é o preconceito impregnado em comentários ou observações. Geralmente o “achismo” leva as pessoas a fazer julgamentos do tipo: “Isso não é BDSM”. A meu ver a colocação correta é: “Isso não é o BDSM que eu pratico”.
O sentido de você estar nessa subcultura é justamente poder extravasar fantasias que não lhe são permitidas ou compreendidas em outro contexto, mas, ironicamente o preconceito aqui é muito mais contundente e camuflado do que fora.
Não respeitar isso é preconceito com aquilo que não gostamos. Não vejo lógica em se regular essa questão, em se colocar tal ato como certo ou errado. Pode não me servir porque provavelmente não é o que busco para meu prazer, mas quem tem o direito de desqualificar a fantasia alheia?
Praticamos o SM erótico consensual e a sexualidade tem de estar presente sempre, seja de qual maneira for, porque aqui o que importa é viver plenamente o que nos aproxima do imaginário de Sade e Masoch.
Eu vivo minha fantasia e de minha parceira da melhor maneira possível e ignoro esses supostos mentores. Mais uma vez eu reforço que o BDSM é conceitual, não tem regras. São inúmeras vertentes e é preciso encaixar essa filosofia no prazer e estilo de vida, nunca o contrário.
Não é possível nessa discussão definir o que é de bom ou mau gosto.
Pode-se quando muito dizer: não me serve!