SAFEWORD é o código utilizado no BDSM, uma palavra de segurança que permite ao bottom (submisso) expressar seu limite físico ou emocional.

É comum a SAFEWORD não ter qualquer alusão a situações que possam prejudicar a cena, permitindo que o bottom use palavras como “NÃO AGUENTO, QUERO PARAR, ou algum tipo de súplica equivalente” sem que isso expresse necessariamente uma vontade de interromper ao ato. A SAFEWORD pode ser um nome de cidade, de animal ou algo criativo que não gere confusão e seja entendido de imediato pelo Top.

Embora a escolha do gênero da SAFEWORD individualmente seja livre, em cenas coletivas apenas uma é escolhida por quem a monitora e essa palavra é válida para todos os integrantes do ambiente.

O uso ou não da SAFEWORD é negociado pelas partes, mas quando adotado, deve ser respeitado incondicionalmente; para um Dominador a quebra desse acordo é um ato desonroso e imoral aos olhos da comunidade BDSM.

Existem correntes que defendem a SAFEWORD como a melhor forma de segurança para ambos (Top e bottom) e acham heresia a cena sem ela. Para esses grupos ou comunidades é fundamental que ela exista e seja respeitada por todos os seus membros.

Por outro lado, também há aqueles que não a adotam. A ausência da SAFEWORD não fere o SSC (SÃO, SEGURO E CONSENSUAL) já que o conceito do SSC não deixa de existir, ele passa para as mãos do Top quando essa consensualidade é o desejo de ambos.

Sempre haverá discordância entre as escolhas, os adeptos da SAFEWORD argumentarão que sem a palavra um Top pode exceder-se na condução da cena, ou que é uma segurança adicional necessária para o bottom, mesmo que esse não a use.

Por outro lado, haverá a retórica de que se existe a palavra e o bottom não a usa por medo de desagradar o Top ou por orgulho, isso passa a ser um risco, já que não há porque parar, isentando assim a responsabilidade do Top de riscos ao levar a cena adiante. Outras vezes argumenta-se que o bottom nem tem idéia do estado de seu corpo quando entra em subspace (termo inglês que indica o estado de êxtase gerado pela liberação da endorfina), ou até mesmo um relaxamento por parte do Top em analisar cuidadosamente o estado físico e emocional do bottom durante a cena, na suposição de que o mesmo pode interromper a ação no momento que quiser.

A justificativa e a escolha nesses casos têm razões e motivos que devem ser respeitados. A ausência da SAFEWORD obriga o Top a estar sintonizado com o bottom em tempo integral, implica em se conhecer a fundo o parceiro, ter a capacidade de fazer a leitura do comportamento não verbal e observar reações anormais através de um olhar ou esboço gestual de sua peça. É necessário haver percepção, experiência e um alto nível de confiança para se abrir mão da SAFEWORD.

Com ou sem SAFEWORD, o importante é a escolha do parceiro e a consciência de que BDSM é um jogo de adultos. É imperativo avaliar que determinadas práticas vistas como inocentes tem riscos, até mesmo um simples bondage pode causar aborrecimentos na ausência de uma faca para romper as cordas se houver uma situação de emergência, e nesse caso, com SAFEWORD ou sem ela, você se verá numa situação bastante delicada.

A SAFEWORD não é garantia de nada se do outro lado não houver responsabilidade e comprometimento para interromper a cena quando ela é evocada.

Não digo se alguém deve ou não usar a SAFEWORD, isso é uma decisão pessoal e intransferível. Só deixo claro que existem muitos detalhes a ser considerados e talvez mais importantes para a segurança na cena do que o uso da palavra em si.

Riscos calculados reduzem chances de aborrecimentos.