O mundo real não trás a satisfação desejada, geralmente a verdade é feia e desagradável e em muitos casos, a vida cotidiana é cheia de desencantos e desencontros. A fantasia é o bálsamo do espírito, é o alivio e a descarga das tensões emocionais.
Poder viver essa fantasia, mesmo que por um curto período de tempo, é algo extraordinário e indescritível, idealizamos relacionamentos, superamos expectativas e encontramos soluções que o dia-a-dia não nos oferece, é o mundo perfeito, o êxtase da alma.
Esse mecanismo é um atraente modo de romancear a vida e a fantasia é fácil de ser compreendida. É extremamente saborosa e sedutora, é o canto da sereia.
O problema surge quando a fantasia se funde com a realidade, é hora em que não se consegue separar uma coisa da outra, é quando a fantasia de um não aceita a ausência da fantasia do outro, não aceita a realidade de que existe um descompasso nesse relacionamento.
É a incapacidade de separar aquilo que se propõe como um alívio para o espírito e fazendo desse momento onírico uma obsessão pelo objeto do desejo.
É quando não se compreende que mesmo fantasias têm seu começo, meio e às vezes, seu fim. É quando se coloca uma cortina de fumaça diante dos olhos para não ver as coisas como elas realmente são e passa-se a procurar culpados ou situações que justifiquem aquilo que nos magoa.
Lidar com essas questões é sempre algo complicado e desagradável, voltar à realidade não é tarefa simples, principalmente quando existem fortes laços emocionais. Fica sempre uma sensação de melancolia num relacionamento que outrora fora gratificante, mas que com o passar do tempo, devido às circunstâncias que nem sempre são controláveis, acaba por deixar um vácuo, um desgaste, uma sensação de que algo se perdeu no meio do caminho, levando finalmente a uma ruptura.
Fantasias nessa sub-cultura geralmente caminham pela entrega, amor, respeito e hierarquia. Quando se percebe que aquilo que era uma via de mão dupla deixou de corresponder às expectativas, vem o desconforto, a frustração, o desencanto e a inconformidade pelo sonho perdido.
Como nada na vida é definitivo, fantasias podem ser resgatadas, adaptadas ou transformadas. O importante nisso tudo é ter-se consciência de que para uma relação desse nível ter continuidade, a fantasia de ambos deve estar na mesma freqüência, sintonia e intensidade. Não existe satisfação plena se não houver reciprocidade de sentimentos, não há como trapacear as próprias emoções.