Um episódio de violência envolvendo pessoas da comunidade BDSM tomou proporções gigantescas, porém, no caso envolvendo o casal tenho uma opinião formada a respeito:
1) Agressão é caso de polícia e deve ser denunciada. Vivemos em um “ESTADO DE DIREITO”, e a lei serve para coibir abusos e punir infratores.
2) É preciso respeitar a decisão da vítima, que no caso de abster-se da denúncia, tem plena consciência da absolvição do agressor, pois sem a mesma o crime inexiste. Seja qual for o motivo, só a ela diz respeito.
No meu modo de ver, a questão prática acaba aqui, pois não concordo com a terceirização do problema quando a vítima abre mão da justiça pelos caminhos legais.
O que me chama a atenção no caso é o oportunismo e a mobilização de indivíduos querendo oferecer a solução satisfatória e punitiva para o suposto acusado.
omeça aqui o “Jogo do Poder”, onde os paladinos resolvem conclamar a comunidade para a discussão do problema.
Teorias absurdas são lançadas, como criar tribunais de exceção para um julgamento exemplar e coisas do gênero que compõem o triste cenário.
Banir o membro e mandá-lo para o ostracismo ou dar-lhe um corretivo? Será esse o caminho á margem da lei? Inquisidores do século XXI querendo exorcizar seus demônios?
que observo é o detalhe sutil que se esconde por detrás desse palco. A manipulação da opinião das pessoas para daí obter-se “poder”, ditar regras e por “ordem na casa”.
Eu convido para minha casa quem quero e expulso de “meu” grupo quem não se adapta, mas querer induzir uma comunidade heterogênea a um comportamento manipulado é na melhor das hipóteses subestimar a inteligência alheia.
Ao observar as discussões acaloradas sobre o tema, percebo que a suposta vítima já esta esquecida, o que importa nesse momento são os pontos de vista, levantar bandeiras, ter a última palavra ou participar do concilio que elege a decisão final.
A manobra maquiavélica faz disso tudo uma histeria coletiva e a roda gira. Pessoas que nem sabem do ocorrido manifestam-se e tomam partido, não sei se por ingenuidade ou auto-afirmação. São criados emblemas e estandartes, só falta mesmo uma nova versão dos Templários para aumentar o frenesi explorando ao máximo tão triste episódio que só colocou a vítima numa cadeira inquisitória virtual e sendo questionada por uma legião de sanguinários justiceiros sobre sua decisão.
Porém, como disse antes, isso é irrelevante, esses maníacos pelo poder fazem disso um prato cheio para sua notoriedade. Uma forma de estarem em foco, como magnânimos e zelosos membros da comunidade.
Quando um caso semelhante envolvendo um dominador que queimou sua escrava de forma irresponsável e irreversível veio à baila, não houve essa comoção toda. Motivo?
Não eram conhecidos. Não daria ibope.
Não sou tolo e sei que essa representação toda faz parte da natureza humana, “Jogos de Poder” sempre existiram e sempre existirão em todas as esferas e camadas sociais.
Apenas estou pontuando aqui que nem tudo passa despercebido e em nenhum momento faço juízo de valor sobre a vítima em questão que me merece todo o respeito. Meu olhar é direto para os bastidores. È para o comportamento dos candidatos a liderança, projeção e destaque nessa pobre comunidade.