Muitos pensam, entendem ou querem passar a idéia de que sádico é aquele que fere e castiga sua peça de forma cruel. Na maioria das vezes isso é apenas um sadismo momentâneo e não pode ser caracterizado como uma personalidade sádica .

Os SádicosMuitos Dominadores apresentam-se como sádicos e isso não é real.

Ser um sádico implica em ter essa natureza psicológica de forma inata e presente no seu dia-a-dia mesmo que de forma dissimulada ou velada quando o comportamento social assim o exige; geralmente o que é presenciado em cenas é apenas uma representação de D/s (dominação/submissão) com atos sádicos. O sadismo não torna o individuo um ser sádico, essa característica faz parte da essência de cada um, não é algo que possa ser incorporado à personalidade, apenas contextualiza o script e o papel do Dominador em representações BDSMistas.

O sádico machuca pessoas pelo prazer sexual que isso lhe dá. É a atração sexual proporcionada pela dor, sofrimento, terror e humilhação impingida a outrem que lhe causa excitação e prazer.

Os sádicos são incomuns e representam uma parcela mínima em todas as esferas sociais, estatísticas estimam de 2% a 5%.

Isso pode ser perfeitamente aplicado ao universo BDSM onde existe uma maioria predominante de praticantes do D/s (dominação/submissão) cujo prazer não é a tortura explícita, mas uma construção, uma condução focando a moldagem, o aprendizado da peça (submissa) naquilo que é compreendido como um crescimento dentro do relacionamento.

Diferentemente, o sádico usa seu poder como instrumento de tortura, o objetivo é a dor da peça em primeiro lugar (origem de seu prazer), a liturgia ou regras sociais inerentes ao D/s (dominação/submissão) não tem o mesmo grau de importância.

Embora essas regras normalmente fiquem em segundo plano, é uma ilusão achar que exista ausência de poder numa relação desse tipo. Sádicos jamais perdem o poder e manipulam suas “vítimas” de acordo com a sua conveniência.

Quem não está familiarizado com esse tipo de comportamento e observa de fora, pode ter a ilusão de que não existe comando, quando na verdade o outro está apenas fazendo o jogo do sádico sem ter se dado conta.

Uma das características da personalidade sádica é a ausência de culpa, mas isso não significa indiferença; um sádico jamais fica indiferente ao que lhe dá prazer. Existe harmonia, sintonia com a dor do outro, uma paixão às avessas, uma satisfação na mesma medida do sofrimento causado.

Normalmente o outro é visto como um objeto para o prazer, uma peça a ser usada.

Sádicos não costumam dizer o que pensam porque sabem como as pessoas se sentem e reagem em relação ao que gostam e fazem, portanto, é natural que exista esse cuidado em não expor desejos e fantasias. Já os pseudo-sádicos ao se projetarem no arquétipo do sádico demonstram um notável desejo de serem vistos como tal, seja através da verbalização ou em depoimentos nas diversas comunidades sociais, crendo que com isso atrairão para si uma horda de masoquistas. O grande erro nesse comportamento está no fato que tanto o sádico quanto a masoquista de fato, fazem a leitura corporal do outro rapidamente, não há como se enganar por muito tempo a outra parte.

Muitos profissionais da saúde tentam discutir as dinâmicas do sádico e até hoje não se chegou a um consenso em relação a isso, são também raras as literaturas sobre esse tema específico.

A adrenalina para o sádico manifesta-se ao ver a dor e a impotência que seu ato gera. Esse é o foco e o objetivo na relação. Torturar o outro física e emocionalmente.

No comportamento do sádico não é cabível regras sociais ou normas que não as ditadas por ele, portanto, SSC (São, Seguro e Consensual) ou SAFEWORD (palavra de segurança) não se encaixam no seu padrão comportamental porque suas fantasias sádicas são crescentes, intensas e sempre justificáveis diante de seus valores morais.

Essa visão comportamental do sádico, embora fira muito dos dogmas do BDSM, faz uma distinção mais real do que é um individuo sádico e um comportamento sádico.