Muitas vezes nas salas de bate-papo de sadomasoquismo do UOL observo situações de ataques e ofensas desproporcionais por pessoas que supostamente deveriam ter uma conduta moral condizente com sua vivência no meio SM.
Vejo o uso dessa suposta experiência de vida nesse meio, canalizada para agressões por razões que a principio aparentam ter alguma motivação, mas analisando com calma, não passam de uma cortina de fumaça para extravasar seu desconforto diante de modelos criados em suas mentes do que julgam ser o SM. Curiosamente, esses modelos que permeiam o inconsciente dessas criaturas, têm mais características “baunilhas” do que o real alvo de seu ataque.
Frustram-se constantemente porque vêem nesse modelo idealizado aquilo que sempre projetaram para si e lidam muito mal com suas emoções quando as coisas não ocorrem da maneira prevista. Esse descontrole flui, normalmente quando a desconstrução do modelo forjado em suas mentes evoca problemas emocionais latentes, dissabores em relacionamentos passados que deixaram feridas não cicatrizadas ou até mesmo quando o objeto em foco projeta aquilo que gostaria, mas não pôde ser. Esse comportamento hostil, destemperado e sempre camuflado por motivações fúteis, desencadeia um comportamento obsessivo de auto-afirmação do tipo: “seja como eu para que eu me sinta melhor”, ou “se não está comigo, está contra mim”.
Vejo nessa falta de estrutura psicológica o agente responsável pelas situações tipificadas acima, quando o ser dispende tamanho esforço aliciando pessoas para seus propósitos tacanhos e manipulando incautos para seus patéticos objetivos.
Em seus delírios, imaginam-se deuses, pensam que possuem algum poder divino para interferir em questões que não lhes dizem respeito, tentam... Com alguns dá certo, com outros não.
Infelizmente o SM e o SSC sempre são evocados nesse espetáculo circense, vende-se a imagem de que tudo isso é pelo bem geral, cenário ideal para muitos tolos que crêem piamente que essa efervescência mental significa algum tipo de liderança ou sapiência daqueles que se arrogam “paladinos” da moral e dos bons costumes. Falam com tanta convicção sobre moral, ética e caráter que quase chegam a convencer, pena que a teoria e a prática que pregam caminham em lados opostos.
O tragicômico nisso são os históricos dos tais inquisidores, personagens quixotescos, multifacetados, camaleônicos e teatrais, que do nada, incorporam o espírito de Savonarola e resolvem queimar conceitos originais em função dos seus, incendeiam na sua fogueira de vaidades o que não compreendem ou que não lhes é conveniente compreender.
Causa estranheza, dentro de uma sala onde existe o anonimato, a personificação de NERO reproduzir tal histeria coletiva como o fez no passado ao atear fogo em Roma. Será o inconsciente coletivo manifestando-se? Jung explica?